Paula Moretti
A dor no meu tornozelo é agora uma companhia distante, um eco desbotado do incidente que, de certa forma, está me entregando um marido diferente. Cada dia no Cairo me mostra uma nova faceta de Nicolo, e essa descoberta constante é um néctar perigoso que estou bebendo com sede.
A nossa convivência já não é somente uma cordialidade forçada; transformou-se numa dança terna, cheia de olhares prolongados e toques que já não são acidentais. Estou certa de que estou apaixonada por este homem de passado pesado e sorriso raro.
E, ouso acreditar que o mesmo está acontecendo com ele. Os seus olhos, que já foram gelo puro, agora se derretem quando me olham, e a sua boca, tão acostumada a ordens, curva-se num sorriso genuíno que é só meu.
A lembrança mais vívida é a de ontem. Ele chegou à mansão de Amir com um ar triunfante e com algo a mais nas mãos: era uma nova aliança.
Diferente da que foi colocada em meu dedo dias atrás, que era mais simples. Esta é mais grossa, trabalhada com i