Nicolo Moretti
O cheiro dela ainda me impregna a pele, um fantasma doce de jasmim e vulnerabilidade que se recusava a dissipar-se. Era um cheiro que amolecia arestas que eu julgava eternas, que sussurrava promessas de uma paz que não conhecia desde… bem, desde sempre.
Mas a paz era um luxo para homens melhores do que eu. Para Nicolo Moretti, havia apenas o dever e uma vingança que necessitava da minha atenção.
Desci até o quinto andar, onde o ar mudava. Tornava-se mais frio, mais carregado de segredos e do peso do império que construíra com as minhas próprias mãos. O escritório era o meu verdadeiro santuário.
As paredes forradas de madeira escura abrigavam os espectros dos meus negócios: os bordéis discretos que geriam os desejos dos poderosos, os cassinos que davam à luz fortunas e ruínas com a mesma indiferença, e os contratos legítimos que lavavam o dinheiro sujo, dando-lhe um cheiro respeitável.
No entanto, a joia da coroa, o que realmente sustentava o império nos últimos anos, nã