Giovanni Sorrentino
Dois anos se passaram desde a morte de Neide e, mesmo que tenha alojado uma bala no corpo de James por ter matado a minha esposa, ainda sinto uma raiva e dor que não consigo descrever.
Minhas mãos faziam o nó em minha gravata com destreza de anos e anos de movimentos repetitivos. Fecho os olhos e vejo o meu antigo restaurante, minha esposa bravinha entrando em meu pequeno escritório para falar como estava cansada, ou sobre todas às vezes que ela trazia algo para mim e ali naquele chão de madeira sobre uma toalha de piquenique comíamos e conversávamos sobre tudo.
— Papai?
A voz de Salvatore me tira dos meus pensamentos e olho para o chão.
Meu menino, o único pedacinho que me sobrou da mulher que tanto amo, estava ali com aqueles olhos cor de mel tão parecidos com os da minha esposa.
— Parla, bambino! — digo com carinho enquanto inalo o perfume de bebê que exalava do seu pescoço.
— Não quero baba. — Seu rostinho estava fechado, o que me tira uma risada.
— Você é a ca