O vento uivava entre os prédios de Avalon City, empurrando cortinas de névoa contra os vidros da cobertura. As luzes dos arranha-céus cortavam o céu como lanças, mas se desfaziam antes de tocar o concreto.
Na varanda da Nexus, Isabella estava imóvel, o cabelo batia contra o rosto, solto de propósito. Os dedos dela envolviam a taça de vinho tinto, mas o líquido não havia tocado os lábios dela. O braço dela permanecia suspenso, como se baixar fosse ceder, como se beber fosse desistir.
A unha do polegar arranhava discretamente a haste da taça, rítmica, tensa. Do lado de dentro, o som abafado da impressora preenchia o silêncio da sala de reunião.
Camila recolheu a última folha com um estalo e soltou sobre a mesa, sem olhar para ninguém.
“Ela não vai esperar mais.”
A voz saiu baixa, mas firme, quente, como quem já entendeu o que viria e sabia que não haveria volta.
Enzo não respondeu, estava encostado na parede, braços cruzados, os olhos fixos no reflexo dela no vidro. A sombra de Isabell