POV VALENTIN
O cheiro da floresta sempre me incomodava. Ferrugem, areia molhada, umidade presa nas folhas — tudo me lembrava dela, de Aurora. E isso era perigoso.
Meu pai foi o primeiro a estender a mão para o homem à nossa frente. Minha mãe apenas inclinou a cabeça em cumprimento, elegante como sempre. Eu, porém, permaneci no meu lugar, observando em silêncio. Já sabia que o que viria dali não seria nada bom.
Aquele idiota tinha quebrado as regras. E, ao fazer isso, havia colocado Aurora em perigo.
Mantive a postura, mas por dentro um peso me corroía. O disfarce não era fácil. Fingir ser apenas o amigo protetor, aquele que sempre aparecia na hora certa, era sufocante. E tudo só piorou desde que senti vontade de beijá-la. Eu, que tinha sido treinado para ser frio, que não deveria me permitir sentir nada, afinal, não estava em minha natureza... Aurora estava desmontando minhas defesas sem nem perceber.
— E então? O que vamos fazer? — O homem perguntou, os olhos fixos em nós.
— Ele que