Simon Duarte
Na noite em que dormi na casa do Noah — por causa de um trabalho da escola — eu não levei a bombinha. Achei que ia voltar para casa. Só que não voltei. E já fazia dois dias que eu não extraía o leite. Meus peitos estavam duros, inchados, doendo pra caramba. Só de encostar o moletom já dava vontade de chorar.
Eu sei como isso funciona. Se empedrar, vem febre, dor, enjoo, calafrio. Parece que o corpo inteiro tá prestes a explodir. E eu não podia passar mais uma noite daquele jeito.
Mas tentei disfarçar. Virei para o lado, fingi que estava com sono, e que estava tudo bem. Só para ele não perceber. Porque se ele visse… sei lá. Ia achar estranho. Ou pior: não ia saber o que fazer. E eu não queria perder o pouco que a gente tinha.
Às vezes eu me olho no espelho e me sinto um erro. Não porque eu quero. Mas porque foi assim que me ensinaram. Desde pequeno, quando meu corpo começou a mostrar coisas que não batiam com o que esperavam. Os exames, os olhares dos médicos, os comentári