Simon Duarte
O quarto estava em silêncio. A luz da tarde entrava pela janela, desenhando sombras no chão. Eu estava deitado na cama, braços atrás da cabeça, tentando manter a respiração estável. Noah estava encostado em mim, com a cabeça no meu peito, os olhos fixos em algum ponto que eu não conseguia ver.
A gente estava ali há um tempo. Sem falar. Só sentindo o corpo um do outro. Depois de dias afastados, estar com ele de novo era como respirar depois de ficar muito tempo debaixo d’água. Mas tinha coisa presa na garganta. Coisa que precisava sair.
Respirei fundo.
— A gente precisa conversar sobre nós dois — falei, sem olhar direto pra ele.
— Eu sei — ele respondeu, sem se mover. Mas a voz dele estava perto. Perto o suficiente pra eu sentir o calor.
— Eu estou confuso, Noah. Muito. E acho que você também está.
Ele assentiu, olhando pra janela.
— Eu sempre me entendi como hétero. Nunca parei pra pensar nisso. E agora… tudo parece fora de lugar.
Virei o rosto, encarei ele.
— E