Diogo Ricci

O bar do cassino estava mais vazio do que o habitual. As luzes suaves refletiam nos espelhos atrás do balcão, distorcendo minha imagem até que eu mal me reconhecesse. Talvez fosse melhor assim. Pedi um whisky. Sem gelo.

Precisava de algo que queimasse. Que me lembrasse que eu ainda sentia alguma coisa. Qualquer coisa.

Encostei os cotovelos no balcão e fechei os olhos por um segundo, tentando encontrar alguma parte da minha mente onde Bella não estivesse. Mas era inútil. Ela estava em tudo. No silêncio entre as músicas, no som do gelo batendo nos copos, até mesmo no cheiro do ambiente, perfume amadeirado, doce e abafado como as noites em que a imaginei minha.

Abri os olhos quando ouvi passos se aproximando. Um salto delicado. Uma presença conhecida. Virei devagar e vi Jade.

Ela se sentou ao meu lado sem dizer nada. Não precisava. O olhar dela já dizia tudo.

— Você veio fugir de alguém, ou de si mesma? — perguntei, encarando o copo na minha frente.

— Dos dois — respondeu, c