Capítulo 05 - Regras Quebradas

A mão dele subiu até o rosto dela, o polegar traçando sua mandíbula. O toque era suave, reverente, e contrastava violentamente com a fome em seus olhos.

— Toda aquela força... toda aquela inteligência... escondida atrás de uma fachada tão profissional. Mas eu vejo. Eu vi desde o primeiro dia.

O coração de Isabella estava descontrolado. O medo e o desejo travaram uma guerra dentro dela, e o desejo estava vencendo.

— Senhor Montenegro... Pedro... nós não deveríamos...

— Shhh — ele sussurrou, inclinando-se até seus lábios roçarem nos dela. — Não há regras aqui, Isabella. Não esta noite.

Ele tomou seus lábios.

Não foi como o primeiro beijo, nascido da raiva e do impulso. Este foi deliberado, faminto. Foi um beijo que falava de noites insones, de admiração relutante e de um desejo que fora reprimido com força brutal. Para Isabella, foi uma sobrecarga sensorial. Ninguém nunca a havia tocado daquela forma, com aquela mistura de ternura e domínio. Cada parte do seu ser gritava para se entregar, para derreter nos braços dele.

As mãos dele desceram para a cintura dela, puxando-a com força contra seu corpo, eliminando qualquer espaço que restasse entre eles. O beijo se aprofundou, tornando-se desesperado, consumidor.

Quando ele finalmente quebrou o beijo, ambos estavam ofegantes. Ele encostou a testa na dela, os olhos escuros ardendo com uma intensidade que a deixou tonta.

— Diga que você me quer, Isabella — ele murmurou, a voz rouca e possessiva, esperando a rendição dela.

Mas, em meio à névoa do desejo e à novidade avassaladora daquelas sensações, o cérebro de Isabella — seu bem mais precioso, afiado em Harvard — lutou para retomar o controle. Ela estava em território desconhecido, mas o jogo de poder, ela entendia.

Ela respirou fundo, e em vez de derreter, ela encontrou a força para erguer o olhar e encará-lo. Havia um brilho de desafio em seus olhos, uma centelha de sua mente prodigiosa se reacendendo.

— Isso... não estava na pauta da reunião — ela disse, a voz um pouco trêmula, mas com uma pitada de ironia.

Pedro piscou, pego de surpresa pela resposta inesperada. Ele esperava um sim ofegante, não uma observação analítica.

Isabella se aproveitou de sua confusão. Ela levou a mão ao peito dele, sentindo o coração dele bater forte sob a camisa cara. O gesto era íntimo, mas seus olhos eram calculistas.

— Qual é o próximo passo na sua estratégia, Pedro? — ela perguntou, a voz agora um sussurro carregado de uma provocação ingênua que ela mesma mal entendia. — Isso é uma aquisição hostil ou estamos planejando uma fusão?

A metáfora corporativa, usada em um momento de paixão crua, o atingiu como um soco. Ele recuou um centímetro, não por rejeição, mas por puro choque. Um brilho de surpresa — e um respeito perigoso — acendeu em seus olhos. Ele riu, um som baixo e rouco que a fez estremecer.

— Harvard, não é mesmo? — ele disse, mais para si mesmo. — Sempre analisando, sempre um passo à frente.

Ele a estava vendo, não apenas como um objeto de desejo, mas como uma adversária à sua altura. O jogo havia mudado.

Isabella usou aquele momento para criar espaço. Ela se afastou suavemente, o corpo ainda formigando, a mente gritando com o perigo e a excitação do que acabara de fazer.

— Acho que já tivemos emoções demais por uma noite — ela disse, tentando soar profissional, embora seu coração parecesse prestes a explodir. — O voo de volta é em menos de doze horas. Precisamos estar descansados.

Ela se virou e caminhou em direção ao seu quarto, sem olhar para trás, sentindo o olhar dele queimar em suas costas a cada passo.

Pedro ficou parado no meio da sala, os punhos cerrados ao lado do corpo, uma mistura de frustração e uma admiração que ele nunca sentira antes. Ela não tinha se rendido. Ela o havia desafiado, provocado e depois recuado, deixando-o com um desejo ainda mais feroz.

Isabella fechou a porta de seu quarto e se encostou nela, as pernas bambas. Tocou os próprios lábios, ainda inchados do beijo dele. Ela tinha acabado de enfrentar o homem mais poderoso que já conhecera e, de alguma forma, saíra por cima.

Ela não sabia nada sobre jogos de sedução, mas entendia de estratégia. E pela primeira vez, percebeu que a batalha entre ela e Pedro Montenegro não seria vencida no escritório, nem na cama. Seria vencida na mente. E ali, naquele campo, ela era uma prodígio.

Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App