Isabella dormiu em sobressaltos, a voz de Pedro ecoando em seus sonhos, chamando-a pelo primeiro nome. Ela acordou antes do amanhecer, o horizonte de Tóquio tingido de um roxo suave. A suíte estava silenciosa. O dilema imediato a consumia: como ela deveria agir? O que ele esperava dela?
Ela escolheu sua armadura com cuidado: uma saia lápis preta, uma blusa de seda marfim e um blazer estruturado. Profissional. Impenetrável. Ao sair para a sala de estar, encontrou-o na varanda, uma xícara de café na mão, já vestido em um terno cinza-escuro que parecia ter sido costurado em seu corpo. Ele observava a cidade despertar.
— Bom dia, Senhor Montenegro — ela disse, a voz deliberadamente formal, testando as águas.
Ele se virou, e por uma fração de segundo, ela viu um brilho de algo parecido com decepção em seus olhos escuros antes que a máscara de CEO impassível voltasse ao lugar.
— Bom dia, senhorita Clark. O café da manhã chegará em dez minutos. Quero repassar a estratégia de abertura uma última vez.
A trégua da noite anterior havia acabado. O muro estava reerguido. O café da manhã foi tenso e estritamente profissional, mas a consciência dos quartos adjacentes, da conversa da noite anterior, pairava entre eles como uma eletricidade invisível.
A reunião foi em uma sala de reuniões no topo de um arranha-céu que fazia o escritório de Pedro parecer modesto. Os investidores eram homens mais velhos, de semblante sério e formal. Pedro estava em seu elemento. Ele era charmoso, implacável e brilhante. Ele não se desculpou pelo erro; ele o reenquadrou como uma oportunidade para reavaliar e apresentar uma nova estratégia, ainda mais robusta — a mesma que eles haviam elaborado durante a noite.
Isabella permaneceu em silêncio, tomando notas, até que um dos investidores, o Sr. Tanaka, fez uma pergunta incisiva sobre dados de engajamento de mercado que não estavam na apresentação principal. Os outros executivos hesitaram. Mas Isabella, lembrando-se de sua pesquisa frenética, sabia a resposta.
Seus olhos encontraram os de Pedro por um instante. Ela viu um aceno quase imperceptível. Era a permissão dela.
— Se me permite, Sr. Tanaka — ela interveio, a voz calma e clara. — Os dados que o senhor procura estão no apêndice C, página quatro. A projeção mostra um aumento de 18% no engajamento do público-alvo no último trimestre, impulsionado pela nossa iniciativa beta na plataforma X.
Ela não apenas respondeu; ela contextualizou e demonstrou domínio total da informação. Um silêncio impressionado tomou conta da sala. O Sr. Tanaka sorriu pela primeira vez. Pedro a olhava, e desta vez, não havia máscara. Havia um fogo em seus olhos, uma mistura de orgulho e algo mais sombrio, mais possessivo, que a fez sentir um calor percorrer seu corpo.
A reunião foi um sucesso retumbante. O acordo não só foi salvo, como foi ampliado.
Naquela noite, os investidores os levaram para um jantar de comemoração em um restaurante exclusivo em Ginza. A atmosfera era leve, o saquê fluía e, pela primeira vez, Isabella viu Pedro relaxar. Ele era carismático, contando histórias que faziam homens poderosos rirem.
Durante o jantar, ao se levantar para pegar uma bebida, ele colocou a mão na parte inferior das costas de Isabella, um gesto firme e proprietário que a guiou pela multidão. O toque dele queimou através do tecido de sua blusa, enviando um choque elétrico por todo o seu corpo. Era um gesto público, uma declaração silenciosa.
Quando voltaram para a suíte do hotel, a adrenalina do sucesso e o calor do álcool haviam dissolvido qualquer pretensão de profissionalismo que ainda restava. Estavam sozinhos. A desculpa do trabalho havia acabado.
Ele fechou a porta e o som do clique pareceu selar o destino deles.
— Você foi excepcional hoje, Isabella — disse ele, a voz rouca, virando-se para encará-la na luz suave da sala.
— Eu só fiz o meu trabalho... Pedro — ela respondeu, o nome dele saindo de seus lábios como uma confissão.
Ele deu um passo, diminuindo a distância entre eles. — Não. Você fez muito mais. — Outro passo. Ele estava tão perto agora que ela podia sentir o calor que irradiava de seu corpo. — E você não faz ideia do efeito que causa quando toma o controle daquela forma.