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Um idiota provocador.

O homem que se aproximava a passos largos não estava vestido como as outras pessoas. Parecia um pastor daquelas igrejas modernas que a irmã Génova vivia criticando por usarem ternos elegantes e joias caras. Além disso, era bonito — muito, muito bonito.

Alana olhou ao redor, todos a observavam com raiva. O segurança segurava seu braço com força e a machucava; ela sentia que seu coração poderia explodir a qualquer momento.

— Chamem a polícia — disse o homem que havia iniciado todo o alvoroço. — Não deixarei passar essa tentativa de sequestro.

— Papai! — Luz correu até o pai, e ele a ergueu do chão como se fosse uma pena. — Papai, onde você estava? — perguntou a pequena com a voz trêmula e os braços enroscados ao redor do pescoço dele. Ele sussurrou algo em seu ouvido; Alana não conseguiu escutar, mas viu a menina negar energicamente com a cabeça.

O homem franziu a testa, confuso. Tinha sobrancelhas grossas, cílios longos, olhos cinzentos com um brilho inexplicável. Alana sabia que precisava odiá-lo por acusá-la daquela maneira, mas em vez disso sentiu vontade de se jogar contra ele.

Não era a primeira vez que Alana tinha pensamentos obscenos; na verdade, tinha com frequência demais. Estava certa de que uma mulher com vocação para ser freira não deveria ter esse tipo de desejo, mas ela os tinha — e vinha se consumindo por eles havia um par de anos.

Luz falou algo no ouvido do pai. Ele estreitou os olhos, e então suas bochechas coraram. Apertou os lábios, parecendo envergonhado, colocou a menina de volta no chão e caminhou até Alana.

— Solte ela — ordenou ao segurança, que obedeceu imediatamente, como se aquele homem fosse o dono do lugar. — Foi um mal-entendido. — Ele olhou para o chão e depois encarou Alana. Sustentou o olhar dela por um instante, menos que um batimento, mas isso bastou para fazer o estômago de Alana estremecer. Não eram borboletas — parecia mais com peixes nadando.

Os lábios carnudos e rosados do homem se abriram devagar, e Alana imaginou que ele fosse se desculpar, mas não o fez.

— Da próxima vez, não fique passeando pelos corredores com uma criança perdida. Você devia ter ido direto ao pessoal responsável, em vez de perder tempo.

— O que está acontecendo aqui? — a voz da irmã Marilda interrompeu aquele momento constrangedor. O rosto da idosa surgiu atrás do homem, olhando para Alana. Ele se virou em direção à irmã.

— Nada! Não aconteceu nada — disse Alana, passando ao lado do homem arrogante que acabara de se comportar como um idiota com ela. Limpou as lágrimas com o dorso da mão antes que caíssem.

— Oh! O senhor é o senhor Marroquín? Dante Marroquín? — Alana ouviu a irmã Marilda falando com o desconhecido.

Ela se afastou a passos rápidos, querendo que a terra a engolisse e a cuspisse bem longe. Mas o mais longe que conseguia chegar era o estacionamento.

Esperou pela irmã Marilda com as costas apoiadas na caminhonete prateada, chorando sem parar o tempo inteiro. Sabia que deveria estar ajudando a irmã a carregar as sacolas, mas não conseguia. O que tinha acontecido parecia pequeno, mas ser acusada daquela forma a afetou profundamente.

Que aquele homem que a humilhara não se desculpasse tinha sido o cúmulo, mas o pior era o que ela sentia por ele: gostava dele, sentia-se atraída por aquele tipo elegante, pelos seus lábios que haviam ficado gravados em sua mente. E, mesmo longe dele, ainda sentia seu perfume.

A imagem distante da irmã Marilda empurrando o carrinho de compras, com um rapaz ao lado, a fez abandonar seus pensamentos. Alana secou as lágrimas e forçou o melhor sorriso. Caminhou até a idosa, tirou as sacolas das mãos do jovem e agradeceu. Organizaram tudo na parte traseira da caminhonete sem dizer uma única palavra.

— O que aconteceu lá dentro? — perguntou a irmã Marilda assim que entraram no carro. Ligou o motor e lançou outra pergunta antes que Alana respondesse à primeira: — O que aquele homem queria com você?

— A filha dele se perdeu — respondeu Alana. Ela sabia que não podia mentir; já tinha pecados demais na cabeça para acrescentar mais um à consciência. — Eu a encontrei. — Não entrou em detalhes.

— Oh! Você fez uma obra excelente — disse a irmã, olhando pelo retrovisor e dando ré para sair do estacionamento. — Deve ter ficado muito agradecido.

— Estava aliviado por encontrar a filha — Alana respondeu com habilidade. Era uma especialista em responder sem mentir, mas sem dizer a verdade completa. Mentir lhe parecia o pior dos pecados. Nem as mentiras brancas ela tolerava.

— Você se apresentou a ele? — insistiu a irmã Marilda, desviando os olhos da estrada para buscar os de Alana. Aquilo era estranho; a irmã não costumava se interessar por algo por mais de cinco segundos, muito menos por coisas tão triviais. — Você disse seu nome? — repetiu.

— Não, não disse palavra alguma — respondeu Alana, já desconfortável com tantas perguntas. — Só entreguei a filha dele, e a senhora apareceu. Fiquei tonta e vim para o carro, só isso. — Sentiu as lágrimas queimando atrás dos olhos, mas as conteve.

Ela fez todas as atividades do dia pensando em Dante Marroquín — esse era o nome dele, ouvira a irmã dizer.

Quando finalmente esteve em sua própria cela, tomou um banho e permaneceu nua. Olhou-se no pequeno espelho da porta do armário, que refletia apenas do rosto até os seios. Observou-se com curiosidade. Seus seios haviam crescido nos últimos dois anos; pareciam enormes. Seus mamilos estavam rígidos, endurecidos pelo frio.

Entrou na cama sem se vestir. Era cedo, mas tinha dito à irmã Marilda que não se sentia bem — e não era mentira. Aquele encontro com o idiota do supermercado a deixara abalada demais.

Dante, Dante Marroquín… repetiu ela encarando o teto. Suas pálpebras ficaram pesadas, muito pesadas, até que não conseguiu mantê-las abertas.

Assim que as fechou, o rosto de Dante surgiu imediatamente em seus pensamentos. Mas não estavam mais no supermercado. Ele estava ali, em seu quarto, ao lado da cama. Sua presença era tão intensa que Alana sentiu o ar ficar mais denso, como se o sonho tivesse apagado todas as barreiras do mundo real.

No sonho, ela continuava nua, deitada entre os lençóis. Dante se aproximou devagar, sem pressa, como quem saboreia cada segundo antes de tocar. Inclinou-se, roçando sua pele na dela; sua respiração quente envolveu o pescoço de Alana, fazendo um arrepio elétrico percorrer sua coluna.

Ela arfou quando ele segurou seu rosto com as mãos e a beijou.

Um beijo profundo… suave e ao mesmo tempo faminto.

Os lábios dele encaixavam nos dela como se tivessem sido feitos para se encontrar.

Dante desceu lentamente, envolvend o-a em um turbilhão de sensações. Seus lábios buscaram seu pescoço, depois a clavícula, deixando uma trilha de calor úmido por onde passavam. Sua mão subiu pelo lado do corpo de Alana, contornando sua cintura, sua curva, o início de sua coxa.

Aquela carícia a fez arquear o corpo, incapaz de conter o gemido que escapou.

Quando ele envolveu seus seios com as mãos, Alana sentiu o mundo tremer. Não era brusco; era firme, decidido. Os polegares dele traçaram círculos que a fizeram arder por dentro, um pulso novo, forte, impossível de esconder.

Sua língua encontrou novamente seus mamilos, rodeando, provocando, arrancando-lhe um gemido mais profundo, mais desesperado.

O calor se acumulou entre suas pernas — uma onda doce, vibrante — deixando-a trêmula.

Dante acariciou suas coxas e subiu apenas o suficiente para enlouquecê-la, para fazê-la implorar em silêncio.

Tudo nela se abriu e se tensionou ao mesmo tempo. O sonho tomou conta: sua respiração perdeu o ritmo, sua pele ardia, seu coração batia forte demais.

Era novo.

Era proibido.

Era perfeito demais.

De repente, algo a arrancou do sonho, como se a tivessem empurrado de dentro para fora.

Alana abriu os olhos de sobressalto, o corpo coberto por um suor quente, o pulso acelerado, o ar escapando em um gemido contido. Sua pele ainda queimava; seus seios pulsavam; suas coxas tremiam. Nunca tinha sentido nada tão vívido, tão intenso, tão… real.

Tomou outro banho.

Vestiu-se devagar, tentando acalmar o tremor nas mãos. Depois procurou seu diário — precisava escrever, tirar aquilo da cabeça, prender o sonho no papel.

Vasculhou o armário, a bolsa, debaixo da cama… o caderno não estava.

Arregalou os olhos ao lembrar da última vez que estivera com ele nas mãos: no supermercado.

Não lembrava de tê-lo trazido de volta para o convento.

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