A chuva fina caía sobre Forks como uma cortina constante e monótona, manchando as janelas embaçadas da pequena casa de madeira que se escondia no fim de uma rua estreita e esburacada. Por fora, a estrutura já pedia socorro. O telhado pendia em algumas partes, e as ripas da varanda estavam podres, cobertas de musgo. Por dentro, a situação era ainda pior.

Marta e Geraldo Santos, os pais adotivos de Ketlyn, estavam jogados no sofá puído da sala. A televisão de tubo exibia um programa de auditório qualquer, com vozes estridentes que ecoavam pela casa como gritos em um asilo abandonado. O controle remoto estava perdido entre as garrafas vazias de cerveja e cachaça que se acumulavam no chão, sobre a mesa de centro, e até mesmo em cima da televisão. A luz fraca da lâmpada pendurada no teto tremeluzia como se estivesse prestes a desistir de funcionar.

A sala cheirava a mofo, urina e gordura velha. A pia da cozinha, visível do sofá, transbordava com a louça acumulada de mais de uma semana — pr