O som das teclas era suave.
Ketlyn digitava devagar, como se cada palavra ainda fosse uma ferida que aprendia a cicatrizar. Mas o cursor não parava. As páginas se acumulavam. Um capítulo por vez. Uma lembrança por vez.
Ela não contou tudo. Mas contou o que doía.
E também o que curava.
O livro foi publicado no outono. Um título simples: O que restou depois da queda. Nenhuma foto na capa. Nenhuma pose forçada. Só as palavras — cruas, reais, sem filtro.
Nos primeiros dias, duvidou que alguém fosse ler.
Mas leram.
E choraram.
Recebeu cartas. Mensagens. E-mails de outras mulheres que também tinham sido peças em contratos disfarçados de afeto. Outras que nunca ousaram dizer em voz alta o que sentiram. Outras que ainda estavam presas.
Ela respondeu todas. Uma a uma.
Foi assim que a fama chegou. Não pelo sobrenome dele. Mas pela coragem dela.
Erika sumiu da mídia.
Alguns diziam que tinha ido morar fora. Outros, que tentava abrir um negócio com um novo sobrenome. Ketlyn nunca procurou saber. N