1. DYLON
Me tornar CEO da família Dylon foi maravilhoso porque me deu o controle de tudo... menos da minha própria vida. Desde o dia em que fui escolhido para cuidar dos negócios da família, assumi a maior responsabilidade do mundo, e isso me fez abandonar minha vida de mulherengo. Eu adorava sair com várias mulheres diferentes, e hoje tenho que me contentar em escolher uma qualquer, só para satisfazer meus desejos.
Minha fama de ex-mulherengo levantou um alerta para minha tia casamenteira, que enfiou na cabeça que preciso me casar porque completei 36 anos. Mal sabe ela que um casamento, a essa altura da vida, seria mais um problema para a minha lista.
Por isso, fujo das mulheres que a tia Leide me apresenta. Ela me pinta como o homem mais perfeito do mundo, mas estou longe de ser. Prefiro ficar solteiro.
Hoje é minha folga, e decidi praticar exercícios no clube de tênis. A caminho de lá, muito pensativo, observo a cidade inteira já decorada para o Natal. As ruas estão mais iluminadas que o habitual, e casais se reúnem com os filhos para tirar fotos, colecionando memórias em álbuns de família.
Ao chegar no clube, encontrei meu primo Haniel e logo começamos a jogar. Como sempre, eu estava ganhando. Entre um movimento e outro, paramos para beber água.
— Já cansou de perder, Haniel? — pergunto.
— Estou cansado, sim. Fazia tempo que não vinha aqui. É bom você ir aproveitando, porque um dia ainda vou te vencer! Dylon, você vai ao aniversário da tia Leide neste fim de semana? — Haniel pergunta.
— Não recebi o convite, graças a Deus! — digo, levantando as mãos para o céu. Haniel sorri.
— Recebeu com certeza! Eu recebi, por que você não receberia? O convite é luxuoso, procure no meio das correspondências que está lá. — A fala de Haniel muda meu semblante, pois minha secretária sempre me avisa sobre as correspondências.
— Lembrei agora que há correspondências para ler. Esses eventos são uma porta de entrada para ela querer me casar. Quando estamos reunidos, a tia não perde a oportunidade de me apresentar alguma moça de família — falo, desanimado.
— Casamento é problema, eu sei. Mas, um dia antes do aniversário, a tia Leide liga para a família inteira, lembrando a todos. Então, não vai fazer diferença ter ou não recebido o convite — Haniel dá de ombros.
Como não tenho saída, vou ter que ir ao aniversário dela. Pedirei à minha secretária para providenciar o melhor presente para a tia Leide. Continuei a jogar com Haniel, que hoje só saiu de casa para perder para mim.
Depois do jogo, Haniel foi embora. Quando peguei minha bolsa para ir também, comecei a sentir um formigamento nos braços e um suor frio. Voltei rapidamente e me sentei em um banco. Olhei ao redor para ver se não tinha ninguém me vendo, pois não estava bem. Nunca tinha sentido algo assim antes. "Não deve ser nada demais", pensei. "Estou muito estressado e peguei pesado no tênis hoje."
Após uma leve melhora, voltei para casa. Ao chegar, pedi as correspondências à minha secretária e vi o convite do aniversário no meio das cartas. O abri e enviei uma mensagem imediatamente para a tia Leide, confirmando minha presença.
Não sei o que o aniversário deste ano me reserva. Uma coisa é certa: estou até ansioso para ir, quem sabe eu também me livro de ter que comemorar o Natal com eles.
Anoiteceu e fui para uma boate dançar e aproveitar a folga. Encontrei alguns amigos dos tempos de colégio e, claro, não poderia passar a noite sem a companhia de uma mulher para suprir minhas carências e desejos. Enquanto beijava a desconhecida, relaxava. Os sintomas que senti hoje são, com certeza, apenas falta de viajar e curtir a vida como antes.