55. SÂMIA
Amo o Natal, e é por isso que me empolguei tanto para comprar pisca-piscas para enfeitar esse lindo jardim. Com a ajuda da garota Any, começamos a decorar o jardim e, devagar, fomos desembalando as embalagens. Resolvi conversar um pouco com a garota calada.
— Any, você gosta do Natal? Ou você é da turma do "tanto faz"? — Pergunto curiosa.
— Eu amo o Natal. Se dependesse de mim, sairia todos os dias para ir andar nas ruas iluminadas — Any fala triste.
— Ah, meu bem, eu também amo o Natal. Mesmo não tendo a minha família perto de mim, eu amo essa época.
— Seus pais não moram aqui? — Any pergunta.
— Não tenho, sou órfã, fui abandonada pelos meus verdadeiros pais. Fui criada por duas mulheres.
— Eu também sou órfã. Sou criada pela minha avó. Faço terapia e me sinto mal por não entender o porquê fui abandonada. — Any fala emocionada.
Abracei Any para confortar a dor que ela carrega, porque anos atrás eu também me sentia assim.
— Minha querida, ouça essa mulher que já teve essa dor