Sophia ficou alguns segundos em silêncio, alisando delicadamente os fios escuros da irmã adormecida em seu colo. Hanna tinha os traços calmos, a respiração ritmada. Inocente demais para imaginar o tipo de escolha que a irmã havia feito por ela.Amélia estava sentada ao lado, e mesmo sem pressionar, Sophia sentia o peso do olhar atento da amiga. Aquilo que carregava no peito estava à beira de transbordar fazia dias, e agora… não dava mais para esconder.— Eu aceitei, Amélia. — disse, enfim, num sussurro. — aceitei a proposta de Giovanni.Amélia demorou um segundo para reagir. Seu corpo se enrijeceu, e os olhos, antes apenas curiosos, agora estavam tomados por uma mistura de surpresa e incredulidade.— Você… — ela começou, mas a voz lhe falhou e engolindo seco, continuou: — Você se entregou a ele? Como… submissa?Sophia assentiu devagar, com um movimento quase imperceptível.— Sim.Amélia a encarou, o choque se transformando rapidamente em algo mais intenso. Ela se ajeitou no sofá, sem
Quatro dias.96 horas…5760 minutos…345.600 segundos…Esse era o tempo que havia se passado desde o último encontro com Giovanni Bianchi. Quatro dias de silêncio absoluto. Nenhuma mensagem, nenhuma ligação, nenhum sinal.Sophia tentou convencer a si mesma de que era melhor assim. Que cada dia sem ele era um passo rumo à libertação. Mas a verdade era que… cada ausência deixava um espaço doloroso dentro dela. Um buraco fundo e frio onde antes existia intensidade, mesmo que essa intensidade viesse com humilhação, prazer e confusão.Mas a vida não parava e ela também não.Durante o dia, a rotina era implacável: acordava cedo, preparava o café, ajudava Hanna a tomar os remédios, conferia os horários da escola e se despedia com um beijo. Depois, a primeira parada era na lavanderia do bairro, onde passava a manhã entre roupas, máquinas e o cheiro constante de sabão em pó. No fim da manhã, seguia direto para a cafeteria, onde as horas se arrastavam em meio a pedidos, bandejas, sorrisos força
O quarto do motel estava mergulhado em uma penumbra aconchegante, quase cúmplice, iluminado apenas pela luz suave e âmbar do abajur ao lado da cama. As paredes ainda pareciam vibrar com o eco dos suspiros, dos toques, dos corpos que se encontraram com sede e urgência. O cheiro de prazer ainda pairava no ar, misturado ao perfume doce de Antonella e ao amadeirado sutil da pele de Vítor.Ela estava deitada sobre o peito dele, completamente nua, as pernas entrelaçadas às dele, os cabelos loiros caídos em ondas desfeitas pelos ombros e costas. Seus dedos deslizavam preguiçosamente sobre o abdômen de Vítor, desenhando formas sem sentido, enquanto a respiração do homem começava a desacelerar, mais tranquila agora.Ele acariciava suas costas com os nós dos dedos, de forma lenta, quase reverente. Um carinho silencioso, mas cheio de ternura. Os olhos dele estavam fechados, aproveitando o momento, mas não tão relaxado quanto ela imaginava.Antonella ergueu o rosto vagarosamente, repousando o que
A noite pulsava viva, embalada pelas luzes coloridas que decoravam a nova unidade da cafeteria recém-inaugurada.O frio suave da cidade parecia não atingir aquele pequeno paraíso retrô que Aldo criara com tanto carinho.As mesas externas estavam tomadas, o aroma de café fresco e hambúrgueres caseiros se misturava à música retrô que ecoava suavemente, criando uma bolha encantadora de nostalgia moderna no meio da cidade agitada.Sophia desceu do táxi sentindo o coração bater rápido demais dentro do peito.O vento da noite bagunçou seus cabelos, trazendo consigo uma sensação agridoce de nervosismo e expectativa.A primeira coisa que viu foi a fila de jovens na porta, ansiosos, muitos gravando stories, outros apenas sorrindo encantados com a decoração vintage feita de vinis, letreiros de néon e pôsteres antigos.E foi ao atravessar as portas de vidro que ela sentiu.Todos os olhares se voltaram para ela.Não foi pela música, nem pelo menu especial. Foi por Sophia.O vestido retrô que Aldo
Antonella olhou na direção de Sophia e sorriu atravessando o salão com a graça de quem nasceu sob os holofotes e por onde passava, as cabeças se viravam, não apenas por sua beleza marcante, mas pela energia que ela carregava. Antonella era uma mulher que não pedia espaço, tomava-o.Sophia engoliu em seco, tentando recompor a expressão. Não esperava vê-la ali, muito menos naquela noite. O coração bateu forte, será que ela trazia um recado de Giovanni? Mas Giovanni não era o tipo de homem que mandava recados, ele dava ordens. O que Antonella Bianchi estava fazendo ali? Antonella se aproximou com aquele andar seguro de quem carrega poder no sangue. Um sorriso encantador enfeitava os lábios bem desenhados, mas os olhos… os olhos diziam outra coisa. Eram analíticos, intensos, como se buscassem atravessar cada camada de Sophia para descobrir o que Giovanni tanto escondia.— Olá, Sophia. Está lembrada de mim?Sophia hesitou por um instante, ajeitando o avental com os dedos trêmulos e tentan
Giovanni BianchiEstacionei o carro do outro lado da rua, bem em frente à nova unidade da cafeteria. Os faróis estavam apagados e o motor desligado. O silêncio me envolvia, mas a tensão em meu corpo era evidente. Meu braço esquerdo estava apoiado na janela aberta e os meus olhos apenas observavam tudo como um predador à espreita. Vestia jeans escuros, camisa preta justa ao corpo e uma jaqueta de couro que contrastava com meu estilo habitual. Hoje, eu não era o CEO da Bianchi Corporation, nem o dominador temido em salas secretas. Hoje, eu era apenas um homem em combustão.As luzes da cafeteria brilhavam demais. A música retrô, as risadas, danças improvisadas. Havia um tom de leveza que cercava o ambiente… e isso me incomodava. A leveza é apenas um disfarce. A Euforia é uma distração, pois a verdade é que o caos sempre espreita por trás de tudo que reluz.Finalmente meus olhos encontraram o que procuravam.Sophia…Ela se movia entre as mesas como se pertencesse àquela atmosfera lumi
Sophia estava no vestiário dos fundos da cafeteria, sentada sobre o banco de madeira estreito, com os pés descalços e a cabeça levemente apoiada contra o armário atrás de si. O uniforme ainda colava levemente à sua pele por causa do calor da noite, e o batom vermelho começava a desbotar após tantas horas sorrindo, servindo e fingindo que não sentia falta de algo que a corroía por dentro.O evento havia sido um sucesso. A nova unidade da cafeteria estava cheia, os clientes saíam elogiando, e o gerente, Aldo, parecia caminhar sobre nuvens de tanto orgulho. Todos celebravam, menos ela. Havia um vazio estranho dentro do peito. Uma ausência palpável que nem a música, nem os sorrisos, nem a presença das amigas preenchiam. E mesmo tendo se esforçado a noite inteira para não pensar nele… o nome de Giovanni Bianchi estava gravado em sua mente como um feitiço.Pegou o celular dentro da bolsa, mais por hábito do que por esperança, e a tela se acendeu com uma única notificação:Mensagem de Giova
A porta pesada do The Black Room se fechou atrás deles, selando Sophia em um mundo que não lhe pertencia, mas que, de alguma forma, parecia ter sido feito para ela.Seu coração batia frenético contra o peito, não por medo, mas pela promessa do desconhecido. O ar era carregado, denso com uma eletricidade que parecia vibrar em sintonia com seu próprio corpo. O perfume amadeirado de Giovanni envolvia seus sentidos, um lembrete constante da presença dominante dele, enquanto sua mão firme a guiava com precisão, pressionando a base de suas costas nuas.Ela sentia o calor dele, a força silenciosa que exalava de cada movimento, de cada toque, de cada palavra não dita.— Confie em mim, Sophia. — A voz dele veio baixa, um sussurro grave que reverberou por sua espinha como uma promessa perigosa.Ela engoliu em seco, seus dedos tremendo levemente, mas não recuou. Porque, apesar do desconhecido, apesar da tensão quase insuportável entre eles, ela queria aquilo.O quarto era um santuário de control