O chá quente fumegava nas canecas enquanto Sophia e Amélia estavam sentadas no pequeno sofá da sala. Sophia tinha tomado um banho quente e usava uma camisola leve. O cobertor macio que Amélia trouxera estava cuidadosamente dobrado ao lado delas, mas o calor da presença da amiga já era mais do que suficiente para aquecer o coração inquieto de Sophia.— Então… — Amélia começou, tomando um gole do chá enquanto observava a amiga com atenção. — O que você vai fazer amanhã?— Vou aos empregos. Preciso levar o atestado de acompanhamento da Hanna. — Respondeu Sophia, com os dedos apertando a caneca com força. — Depois disso… bom, vou me concentrar em garantir que ela se recupere bem.— E depois disso? — Amélia insistiu, com os olhos estreitos. — O que você pretende fazer em relação a Giovanni Bianchi?O nome dele ainda tinha o poder de fazer Sophia estremecer. A simples menção a Giovanni fazia seu corpo se contrair em alerta, enquanto seu coração batia descompassado. Ela encarou a amiga, os o
A conversa entre as duas deslizou para assuntos triviais enquanto devoravam chocolate e agora tomavam vinho. Amélia falava sobre o novo chefe na agência de publicidade, que segundo ela, era “um gato insuportavelmente charmoso, mas com o ego do tamanho de um planeta”. Sophia ria, tentando se distrair com as histórias exageradas da amiga.— E sério, Soph, ele se acha o melhor ser humano que já pisou na Terra só porque inventou uma campanha brilhante para uma marca de perfumes. Mal sabe ele que o verdadeiro gênio sou eu. — Disse Amélia, inflando o peito dramaticamente sentindo já o efeito do vinho lhe atingir.— Sempre modesta, hein? — Sophia zombou, sorrindo. Pela primeira vez, a tensão parecia ter se dissipado um pouco.— Modéstia é para os fracos, meu bem. — Brincou Amélia, estalando a língua. — Agora, você devia seguir o meu exemplo e mostrar para esse Giovanni que ele não é o único que sabe brincar com o poder.Sophia tentou ignorar a sensação de que o nome dele preenchia a sala, en
Na manhã seguinte, Sophia acordou primeiro. Os olhos ainda estavam pesados de cansaço, mas sua mente já despertava para a realidade cruel que a esperava. Precisava resolver as questões práticas antes de se preocupar com Giovanni.Ela se arrumou rapidamente, trocando a roupa amassada por algo mais adequado para sair. Na cozinha, preparou um café fresco e deixou uma caneca pronta para Amélia. Não teve coragem de acordá-la, então deixou um bilhete sobre a mesa:“Amélia, fui entregar os atestados nos empregos. Volto logo. Obrigada por tudo. Você é incrível. Te amo. — Sophia.”O vento gelado da manhã soprou contra seu rosto assim que saiu para enfrentar o mundo. Primeira parada: o restaurante onde trabalhava como garçonete. O gerente, um homem ranzinza e impaciente, torceu o nariz ao ouvir sobre o atestado, mas acabou aceitando sem muita resistência.Depois, foi até a loja onde trabalhava como balconista. A chefe, uma mulher gentil de meia-idade chamada Sra. Ortiz, recebeu Sophia com um ab
Duas semanas haviam se passado desde a cirurgia, e Hanna já estava em casa. Correndo pelo quintal, gargalhando, com os cabelos esvoaçando ao vento e os pés descalços tocando a grama como se nunca tivesse conhecido uma cama de hospital. Era uma imagem quase irreal, como se o tempo tivesse voltado atrás para devolver à menina sua infância interrompida. A recuperação havia sido rápida, quase milagrosa, um sopro de esperança em meio ao caos. A cirurgia cicatrizará perfeitamente e os médicos disseram que Hanna poderia voltar a brincar como uma criança comum. Dentro de casa, Blanca mantinha o terço apertado entre os dedos como um escudo invisível. Todas as noites, ajoelhava-se diante da imagem de um santo e rezava em silêncio, as lágrimas escorrendo pelas bochechas enrugadas.— Quem quer que seja essa pessoa… que Deus a recompense. Porque eu nunca poderei retribuir o que ele fez. — dizia ela, com a voz embargada e os olhos marejados.Essas palavras perfuravam o peito de Sophia como espinho
Fazia dias que Sophia tentava falar com Giovanni. Dias em que suas ligações eram ignoradas e suas mensagens retornavam com respostas vagas e impessoais enviadas por algum assistente desconhecido. A cada tentativa frustrada, a irritação crescia como um incêndio dentro dela, queimando cada pedaço de sua paciência.Giovanni estava se escondendo. Era isso o que ela pensava. Era como se ele estivesse brincando com ela, se divertindo ao vê-la se desesperar na tentativa de entrar em contato.Naquela manhã, depois de receber mais uma resposta automatizada da secretária dele, Sophia perdeu a calma. Seus dedos apertaram o telefone com tanta força que quase o arremessou contra a parede.Não. Ela não ia permitir que ele a ignorasse.O trabalho se arrastou como um tormento, cada minuto se arrastando como se o próprio tempo estivesse zombando de sua frustração. Quando o relógio finalmente marcou o fim do expediente, Sophia pegou sua bolsa com movimentos bruscos e saiu sem se despedir de ninguém.S
O sorriso debochado de Giovanni estava estampado em seu rosto impecável, aquele rosto que parecia esculpido para provocar. Ele recostava-se na cadeira como se estivesse no trono de um império particular, os olhos fixos em Sophia com a calma perigosa de um predador diante de uma presa que, apesar de desesperada, ainda tentava fingir que tinha o controle.Ele se divertia. Com ela, com aquela situação. Com o jogo que, para ele, nunca deixará de ser um entretenimento delicioso.— Ouviu o que eu disse? — repetiu Sophia, com o queixo erguido em desafio, embora suas pernas tremessem sob o vestido.— Claro que ouvi, Sophia. — murmurou ele, com a voz baixa e arrastada, provocante, como um convite indecente disfarçado de conversa. — Estou ansioso para ouvir como pretende me impressionar hoje.Victor e Alberto, que estavam ao lado, se entreolharam em silêncio. O clima dentro da sala era evidente, mas antes que pudessem abrir a boca, Giovanni ergueu uma mão, dispensando-os com um gesto imperativo
Assim que a porta se fechou atrás de Sophia, um silêncio espesso tomou conta da sala. Giovanni permaneceu ali, imóvel, com os olhos fixos no espaço vazio onde ela estivera segundos antes. A tensão ainda vibrava no ar como eletricidade estática. Seu peito subia e descia com força, e sua respiração, geralmente controlada, agora era pesada, carregada de desejo e raiva contida.“Me torne sua submissa.”As palavras dela ressoavam como um eco obsceno dentro dele, reverberando em sua mente como uma melodia proibida. Foi tão repentino, tão inesperado e, ao mesmo tempo, exatamente o que ele ansiava ouvir desde o primeiro instante em que cruzou com aqueles olhos cheios de fogo e orgulho.O sorriso de Giovanni surgiu lentamente em seus lábios, mas dessa vez não era o deboche controlado de sempre. Era uma expressão crua, animalesca. Uma mistura de triunfo e pura luxúria. Ele girou nos calcanhares e caminhou até a janela de sua sala, as mãos se fechando em punhos ao lado do corpo.O vidro refletia
Sophia RomanoO pedaço de papel está sobre a minha cama, me encarando como um desafio que não posso ignorar. Eu já li o endereço tantas vezes que as palavras parecem ter se gravado na minha mente. Giovanni me desafiou. Ele quer que eu prove que estou disposta a fazer o que for necessário para pagar o que devo.E, droga, eu vou provar.Olho para o espelho do meu quarto. Escolhi um vestido preto justo, sem exageros, que termina logo acima dos joelhos. É simples, mas elegante. Sem decotes profundos ou brilhos chamativos, apenas algo que me faça sentir um pouco mais confiante, mesmo que eu saiba que isso é uma mentira.O cabelo está preso em um coque frouxo, algumas mechas escapando e caindo sobre meu rosto. A maquiagem é suave, mas suficiente para esconder as olheiras que surgiram nas últimas noites mal dormidas.Respiro fundo, os dedos tremendo enquanto coloco os saltos pretos. Eu pareço pronta, mas por dentro, estou um caos.Saio de casa e percebo o olhar analítico de minha mãe. Ela se