O silêncio noturno desse lugar era o que mais me intrigava.
Era tão profundo que parecia absorver os gritos da minha mente.
Me ajeitei no canto da janela, envolta pela escuridão que, estranhamente, me confortava mais do que qualquer palavra — só que, nessa noite, não estava dando muito certo.
Eu tentava raciocinar.
Será que Bianca conseguiu?
Será que Leonardo entendeu?
Está vindo?
Fecho os olhos por um momento. Meu coração inquieto não batia, ele me socava por dentro. Uma sensação estranha, como se cada batida fosse uma contagem regressiva para algo inevitável.
O som de passos apressados cortou o silêncio.
Um, dois, três. Pesados. Diretos.
Me virei a tempo de ver a maçaneta girar.
A porta se escancarou com violência. Era ele.
Miller.
O olhar dele me queimava, carregado de fúria.
Ele trancou a porta com um estalo seco.
Meu corpo se moveu por instinto. Encostei-me à grade da janela como se aquilo pudesse me proteger dele.
Ele arrancou a camisa. Ficou apenas com a calça. O cheiro de álco