Sou colocada na cama com cuidado. Leonardo ajeita o edredom sobre meu corpo como se o gesto fosse me proteger do mundo — mas o que me destrói não está fora. Está aqui, preso dentro de mim.
Ele se abaixa, seus lábios tocam meu ombro num gesto suave, íntimo… e uma vontade avassaladora de chorar rasga meu peito de novo. Do tipo que nem dá para conter.
— Depois do banho eu volto para ficar com você.
Assinto, apertando com força a coberta contra meu corpo. Como se aquilo fosse capaz de segurar o que está prestes a transbordar.
Leonardo liga o ar-condicionado, apaga as luzes, e antes de sair... ele lança um último olhar para mim.
A porta se fecha.
E eu desmorono.
O choro vem rasgando a garganta. Vem com raiva, com dor, com culpa. Com um ódio seco que queima por dentro — e que ao mesmo tempo me impulsiona a querer justiça. Não vingança. Justiça. Por mim mesma.
Ele podia ter me tirado de lá.
Quantas vezes implorei? Quantas vezes olhei nos olhos dele e pedi, entre o sangue e o torpor das drog