Leonardo se vira de repente, soltando um riso rouco, baixo, quase irônico.
Aquilo me faz franzir a testa.
Me viro também, ficando de frente para ele, os braços cruzados em um gesto automático de defesa.
— O que foi tão engraçado? — pergunto, desconfiada.
Ele ainda sorri, mas não é um sorriso leve. É daqueles que carregam cansaço e ironia na medida certa.
— Eu cresci ouvindo o que devia ou não devia fazer — ele começa, com uma pontada de mágoa. — O que era bom para mim, o que não era. O que podia ter, o que devia evitar. E agora, quando pela primeira vez eu escolho sozinho... a pessoa que eu escolhi diz exatamente o que meu pai diria.
Sinto o estômago apertar. Uma pontada de culpa por tentar ser racional quando tudo dentro de mim só queria correr até ele, e tentar ser feliz.
— Talvez porque seu pai tenha razão — murmuro.
Ele me encara. Seus olhos acinzentados parecem mais escuros sob a luz da cidade refletida neles. Há um brilho diferente ali. Intenso. Quase selvagem.
— Ok, Ha