O teto era um livro sem palavras, um livro que eu havia lido por quatro anos, mas ainda não tinha conseguido terminar.
Nesta noite, esse livro ganhou som.
A voz, embriagada e turva, falava devagar, com esforço, como se tentasse articular claramente cada palavra, com medo de que eu não conseguisse entender, ou pior, de que eu o rejeitasse.
Senti umidade no pescoço, não sabia se era por causa dos beijos de Bruno ou se a umidade vinha dos meus próprios olhos. Eu queria perguntar a ele: “Se soubesse que tudo teria chegado a esse ponto, o que teria feito naquele momento?”
Por que ele tinha forçado, passo a passo, nossa relação a se transformar nisso?
Mas ele estava bêbado, e mesmo que eu perguntasse, ele não entenderia. Então, apenas dei um sorriso, como se nada tivesse acontecido.
— Ana, você sorriu. Você sorriu para mim. Agora eu sei que você não quer me ver triste. Seu sorriso é tão bonito.
A voz de Bruno estava cheia de alegria, suave, agradável.
Se eu tivesse ouvido esse tipo de elo