À noite, quando estava prestes a dormir, ouvi um som de algo arranhando a porta.
Achei que fosse algum gatinho ou cachorrinho de rua perdido, mas, quando olhei pela fresta, vi Bruno. Ele estava com a cabeça levemente inclinada para trás, o pomo de Adão subindo e descendo, e os olhos avermelhados fixos em mim.
O cheiro de álcool misturado com o ar úmido da chuva me envolveu imediatamente.
Dei dois passos para trás e abri a porta. Sem o apoio, ele caiu diretamente no chão.
Era como se ele não sentisse dor; seu rosto estava inexpressivo, olhando para mim, sem dizer uma palavra.
Ele nunca foi assim, tão descontrolado. Raramente bebia ou fumava.
Eu estava mais acostumada a olhá-lo de baixo para cima, e não assim, de cima, vendo tão claramente o desespero, a mágoa e a confusão em seus olhos.
Ouvi sua voz rouca dizer:
— Não quis te incomodar.
Ele lutava para se levantar, a voz baixa e áspera, enquanto se encostava à porta. Sentado ali, de cabeça baixa, esboçou um sorriso amargo.
— Pode