Segui atrás dele, com uma sensação de pavor se instalando no fundo do meu âmago.Ele me conduziu de volta para o nosso quarto e fechou a porta. Respirei fundo.— As coisas ficaram difíceis com sua mãe, certo? — Ele fez uma pergunta que eu não esperava.— Ela não gosta muito de você.— Isso é compreensível. — Ele respondeu. — Sabe, você se saiu bem hoje - com meu pai, quero dizer.— Eu me saí?— Sim. Embora eu não tenha deixado de perceber que você novamente desobedeceu a mim: você trocou de roupa. Foi por causa da sua mãe?— Sim... Não. Eu não poderia andar pelo mundo parecendo uma vagabunda.Ele se aproximou, e foi preciso toda a minha força para me manter imóvel. Seus dedos traçaram o tecido do vestido marrom que eu havia escolhido - sem pedir permissão, é claro.— Você gostou de estar bem coberta? — Ele perguntou.— Sim.— Assim como minha mãe, Freya?Provavelmente meu coração deu um pulo naquele momento. Lembrei das cicatrizes por todo o corpo dela, que tinham sido a razão dela nun
— Havia um motivo para eu querer você naquele vestido, Riley. Digamos que eu queria que meu pai ficasse 'enfurecido'.— Isso não seria bom, já que eu estava tentando causar uma boa impressão.— Você não entende. Meu pai tem essa maneira estranha de pensar, algo que eu não compartilho com ele - ele acredita que o medo é outra forma de poder.— E você não acha o mesmo? — Perguntei, sabendo bem que o Alfa Thane era temido em todas as regiões. Embora tivesse outras conquistas invejáveis e igualmente intimidadoras capazes de lhe dar a mesma influência, muitos ainda o "temiam".— É diferente quando você impõe esses métodos à sua própria família. Foi isso que ele fez minha mãe entender: ele queria que ela o temesse, que tremesse em sua presença. E agora, ela perdeu a própria voz. Ele a mantém enrolada como uma múmia, e eu não gosto disso. Deixá-la usar algo tão provocante foi, de certa forma, uma maneira de desafiá-lo.— Eu pensei... Eu... Me desculpe.— Mesmo assim, Riley, estou feliz por vo
— Quais livros você pegou? — Axel perguntou enquanto nos dirigíamos de volta para o meu quarto.— Só uns livros de história. — Menti.— Você gosta disso?— Não havia muito o que escolher. — Menti de novo.— Verdade. — Ele concordou. Fiquei aliviada por termos mudado de assunto rapidamente. — Uma empregada vai chegar em breve com comida saudável. Quando foi a última vez que você comeu?— Alguns dias atrás.— Dias?— Eu estou acostumada com isso... — Pausei, decidindo se deveria contar a ele. — Eu nasci uma ômega, por isso estou acostumada a passar dias sem comida.— As ômegas também devem ser alimentadas, assim como todos os outros.— Não na Alcateia Sopros Celestes.— Aqui as coisas funcionam de maneira diferente. — Axel prometeu.-Alguns minutos depois, houve uma batida suave na porta. Era a empregada, que acabou entrando com uma bandeja nas mãos.Ela fez uma reverência profunda, colocando a bandeja sobre a mesa antes de sair rapidamente do quarto.— O que quer que esteja dentro da b
O dia passou em um piscar de olhos, e logo já era noite.— Você deveria se vestir agora. Precisa de ajuda com isso? — Axel perguntou.— Não. Eu sei me virar bem com isso. — Respondi, pegando um vestido verde do meu armário. Surpreendentemente, todas as roupas ali eram do meu tamanho, e isso era muito... Assustador.— O vermelho.— O quê?— O vermelho ficaria melhor. — Axel falou, e eu peguei o vestido vermelho. Era uma peça linda, e me perguntei quanto ela deveria ter custado. Imagino que fosse uma fortuna…— Você tem razão.Acabei não arrumando muito o meu cabelo. Eu estava nervosa demais para tentar, então apenas o deixei solto e passei a escova por ele algumas vezes.— O Thane chegou. — Anunciou Axel, antes mesmo de eu ouvir os passos. Naquele momento, Thane entrou, e meus olhos se voltaram para ele.— Por que você não me contou? — Eu rosnei para ele.— Sobre o quê? — Ele perguntou, com o olhar voltado para Axel, que deu de ombros, parecendo inocente.— — Você iria descobrir no fina
Thane se levantou, e, ao sinal dele, eu também me levantei. Ele pegou minhas mãos. Eu sabia que tudo aquilo era uma encenação, então eu deveria estar me esforçando mais. Afinal, naquele momento tínhamos toda a alcateia para convencer, mas não pude evitar pensar na 'marcação'. O fato de todos estarem ali, assistindo a gente... Como aquilo poderia ser considerado normal?Thane me puxou para mais perto dele.— Não lute contra mim. — Sussurrou, baixo o suficiente para que apenas eu o ouvisse, e então seus lábios se encontraram com os meus. O beijo começou suave, mas logo se tornou exigente. Ele me consumiu, e tudo o que eu podia fazer era acompanhar, mesmo que meus olhos se enchessem de lágrimas ao saber que ele faria "aquilo" ali, naquele momento. Talvez eu pudesse simplesmente fechar os olhos e fingir que éramos apenas nós dois. Isso não seria tão difícil, certo?Seus lábios finalmente se afastaram dos meus, e eu estava certa de que meus lábios estavam inchados e minhas bochechas coradas
Axel chegou quase imediatamente.— Thane. — Ele chamou, mas o Alfa já estava distante, e eu estava completamente arrasada. Uma coisa era certa: eu não o teria parado.— Escute, Thane, você não quer que ela se machuque, lembra?Lentamente, os olhos de Thane voltaram à sua cor normal. Ele olhou para a marca que havia deixado em mim - ainda ardia, mas minha mente estava turva demais para processar completamente.— Sinto muito. — Disse ele, e com isso se afastou, deixando o quarto.Levou apenas alguns minutos para que eu conseguisse me recompor e perceber que Axel tinha visto tudo. Incapaz de encará-lo nos olhos, mantive o olhar baixo, mesmo quando ele me trouxe um roupão e me ajudou a vesti-lo.— Obrigada. — Agradeci, evitando o contato visual.— Você não parecia querer que ele parasse, no entanto. — Axel comentou, e, claro, era totalmente verdade - eu não queria que ele parasse. Droga, eu teria deixado que ele me fodesse bem na frente de Axel. Eu não tinha resposta para isso.— O pai de
Passei a noite inteira lendo as páginas do extenso diário da senhora chamada Barbara.Thane não havia retornado para o nosso quarto naquela noite. A manhã chegou bem cedo.Mas fiquei feliz quando vi Axel.— Como foi sua noite? Você não parece bem descansada.— Eu... Eu estive ocupada.Ele me olhou, curioso.— Ainda está preocupada com o paradeiro de Thane? Eu disse para não se preocupar.— Não estava. — Respondi, mas isso era parcialmente uma mentira. Eu estava, sim, preocupada com a localização dele, antes de pegar o livro 'As Fantasias de Barbara' - aquilo que me manteve bem acordada.— Vamos dar uma volta.— Onde?— Qualquer lugar, ou talvez uma corrida na floresta. — Sugeriu.Eu ainda me sentia extremamente incomodada quando era observada como se fosse um objeto em exibição, mas ele estava certo: eu precisava sair daquele lugar.— Ok, vou me trocar. — Disse.-Lavei o rosto com água fria. Coloquei uma legging preta e um top correspondente, sabendo bem que Thane não aprovava aquele
Havia uma emoção estranha dentro de mim. Eu não podia deixar Axel saber, então fiz o meu melhor para pensar em tudo, menos no fato de que Thane havia passado a noite com Beatrix, me deixando sozinha no meu quarto. Eu odiava aquilo. Quando a vi pela primeira vez, eu a admirei, mas, naquele momento, um profundo desgosto começava a crescer dentro de mim.— Você está bem? — Axel perguntou enquanto seguimos para a floresta.— Sim. — Menti.— Você não está. Está com ciúmes.— Você acha que sabe tudo, mas não sabe.— Eu não sei tudo, mas isso eu sei.— Eu deveria ter esperado por isso, não havia razão para me surpreender. Já que eu não o 'satisfiz', então talvez ele tenha buscado isso em outro lugar.— Não coloque a culpa em si mesma. Não foi sua culpa.Eu assenti com a cabeça, tentando afastar aquela memória.-— Até onde vamos? — Perguntei quando chegamos à floresta.— Já está bom.— Axel.— Sim?— Você sabe que eu não posso me transformar na minha forma de loba com a mesma frequência que v