Subi ao quarto para terminar de me arrumar, escolhendo um vestido simples mas elegante - nada que chamasse muita atenção. Quando desci novamente, já com minha bolsa e óculos de sol na mão, a mansão estava silenciosa, apenas o farfalhar das folhas no jardim quebrando o silêncio.
Mas ao me aproximar do carro, ouvi vozes baixas vindo da garagem. O jardineiro e o motorista estavam conversando próximo ao portão, sem notar minha presença.
—...dizem que até hoje dormem em quartos separados— comentava o jardineiro, limpando as mãos sujas de terra no avental.
O motorista deu uma risadinha antes de responder:
— Não me surpreende. Todo mundo sabe que ela era a secretária dele antes. Deve ter sido algum acordo de negócios esse casamento…
Pareci no meio do caminho, como se tivesse levado um tapa no rosto. As palavras deles ecoaram em minha mente, cada sílaba uma agulha fina cravada no peito. Senti um calor subir pelo pescoço, os olhos ardendo com a ameaça de lágrimas.
Respirei fundo. Não. Não vo