Laís
A semana na ONG passou como um prelúdio de algo inevitável. A cada troca de olhares, a cada toque disfarçado entre Eduardo e Laís, a tensão crescia como uma corda esticada demais. Eles estavam em sintonia, mas fingiam que não notavam. Fingiam mal. Nanda, a coordenadora, brincou duas vezes que “o multirão de sábado ia precisar de extintor”, e Leandro respondeu com um sorriso tímido, desviando o olhar sempre que via os dois numa conversa baixa no corredor. Clara e Lucas, parceiros de campo, tinham virado plateia silenciosa daquela coreografia que ainda não tinha nome.
Na sexta-feira, depois do expediente, o grupo combinou de ir ao karaokê na cidade vizinha. Rafaela já sentou escolhendo músicas, Lucas anotou pedidos no guardanapo, Nanda decretou que ninguém voltaria pra casa sem cantar pelo menos um refrão. O bar era pequeno, vibrante: luzes coloridas pingavam nas paredes, o cheiro de cerveja se misturava ao de fritura, e a TV no alto exibia letras que tropeçavam na sintonia. Breno