Narrado por Isabela
A vitória do documentário ainda ecoava nas redes, mas dentro de casa o clima era outro. Era como se cada aplauso viesse acompanhado de um sussurro ameaçador, como se a cada elogio houvesse uma sombra se aproximando.
Victor estava em todas as manchetes. O movimento Cicatrizes Visíveis ganhava força, inspirando pessoas que antes viviam no silêncio. Mas, para nós, a sensação era de que estávamos sendo observados de perto — e não apenas pelo público que nos apoiava.
Ele sorria para as câmeras, mas em casa o silêncio era o que dominava. Eu o observava, tentando decifrar o que se passava por trás daquele olhar que, para o mundo, parecia seguro, mas que para mim carregava um peso que ele não conseguia esconder.
Naquela noite, encontrei-o sentado na beira da cama, o celular iluminando seu rosto. Aquela luz fria revelava um cansaço que não era físico. Era algo mais profundo, como se cada músculo estivesse carregando lembranças que ele não queria revisitar.
— Está tudo bem?