Voltar pro casarão depois de uma manhã inteira tentando resolver pendências da fazenda no banco era, no mínimo, um alívio. O calor tinha dado uma trégua, mas minha paciência não. Aqueles tipos de conversa que parecem nunca sair do lugar, papelada, registros, ajustes burocráticos me tiravam do sério.
Estacionei o carro na lateral da casa e mal desliguei o motor, vi Mariana se aproximando, apressada. A blusa de alcinhas e o sorriso comedido dela me diziam que vinha coisa. Mariana não sabia conversar casualmente. Sempre tinha algo por trás.
— Voltou cedo — ela disse, encostando-se à porta do carro com a maior naturalidade do mundo.
— Resolvi tudo que foi necessário — respondi, abrindo a porta.
Ela riu baixinho e me acompanhou até a frente da casa, como se estivesse prestes a entregar uma fofoca de ouro.
— Sabe o que é engraçado, Bernardo? — começou, como quem não quer nada. — Logo depois que você saiu, Laura subiu. E não demorou muito… Thomas também subiu.
Meu corpo imediatamente enrijec