Elena Romano é uma atriz que perdeu a memória, e não se lembra de coisas muito importantes, como por exemplo, o dia em que se meteu em uma grande confusão junto a Dimitri Russo, um homem bastante cruel e seu futuro marido. O contrato de casamento entre os dois é feito, mas Dimitri parece odiar a moça... Até o momento em que ele percebe que ela é, sim, seu verdadeiro amor. Elena precisa descobrir sobre seu misterioso passado, e tenta encontrar o homem que salvou sua vida anos atrás. Quem é esse homem misterioso? Venha descobrir!
Leer másELENA ROMANO NARRANDO
Eu não esperava estar me casando aos vinte e oito anos com um homem como Dimitri Russo, mas aqui estou eu. Ao invés de trocarmos olhares apaixonados como todo casal, estamos sérios, vez ou outra fingindo um sorriso para os convidados. O cerimonialista está dizendo lindas palavras sobre o nosso amor que não existe, e isso faz com que eu me sinta levemente culpada pelo tamanho da mentira que estamos contando. Meu avô, na plateia, sorri para mim e acena com alegria... Afinal, estou realizando seu sonho, me casando com o que ele considera “um bom homem”.A família Russo é extremamente rica, e Dimitri é o irmão mais velho. Ele aproveitou muito bem sua solteirice pelo que sei, e agora que foi abandonado praticamente no altar por Elle Ryans, aqui estou eu, fingindo ser sua amada “E. R.” como os convites do casamento diziam. Quem diria que as iniciais do meu nome poderiam me enfiar em uma furada dessa?Depois que a cerimônia acabou e trocamos alianças, todos aguardavam o beijo dos noivos.— Por favor, me beija. — Eu sussurrei. — As pessoas estão esperando.Contrariado, Dimitri sorriu de forma falsa e me deu um selinho rápido.Saímos da cerimônia de mãos dadas e direto para a festa. Ele não suportava minha presença, ao que parecia. Saiu andando para cumprimentar os convidados e eu fiquei para trás, vestida de noiva e assustada. Mas, não tinha o que fazer... Aceitei esse contrato e preciso erguer a cabeça, fingir que está tudo bem e atuar. Acho que no final das contas, esse é o papel mais importante da minha vida, afinal... Sou uma atriz falida com muitos escândalos nas costas.— Nem acredito que alguém como Dimitri se casou com... Aquelazinha. — Ouvi uma convidada falando. Respirei fundo e fingi que não ouvia.— Pois é. Uma mulher tão cheia de escândalos... Pelo que me lembro, ela protagonizou aquele filme ridículo com lobos e fadas. — A outra, com quem conversava, falou.— Aquele filme é um horror. E a atuação dela é péssima.Vi as duas darem risada e aquilo embrulhou meu estômago. Eu sei que fiz péssimas atuações, talvez eu não tenha nascido para ser atriz, mas... Ainda tiro um bom dinheiro com minha profissão. Falem bem ou falem mal, eu continuo enriquecendo.A festa acontecia no grande jardim da mansão dos Russo. Depois que acabou e os convidados começaram a ir embora, apesar do casamento não ter acabado, Dimitri me chamou com a mão e eu fui até ele.— Sim? — Eu o olhava nos olhos, tentando entender o que ele queria.— Venha comigo até o meu escritório. — Disse, e eu concordei com a cabeça.Caminhamos juntos pela casa e assim que entramos em seu escritório, ele trancou a porta. Seu olhar pra mim era de ódio, e eu sequer sabia o motivo. Acho que no fundo, ele me odeia pelo fato de eu ser Elena Romano, uma atriz falida, e não minha amiga, Elle Ryans. Talvez o ódio dele sequer seja por mim, e sim por toda situação... Mas eu não consigo entender, apenas suponho, porque Dimitri sequer tem uma conversa decente comigo.Dimitri tirou uma pasta de dentro de uma gaveta que ele abriu com chave e enquanto mexia dentro dela, eu o observava. Ele é um homem lindo. Aquele cabelo castanho longo preso em um coque, a m*****a barba comprida e os olhos castanhos com sobrancelhas sempre cerradas encantam qualquer mulher, seja pobre ou rica. Seus ombros largos e corpo forte também encantam, mas não para só por aí. Ele não se veste como a droga de um mauricinho qualquer. Ele se veste como um bad boy pronto pra sugar sua alma se você deixar. Aqueles malditos anéis e correntes, sempre presentes no seu visual pesado, o deixam com um ar repleto de mistério. E eu odeio o fato de achar esse homem tão bonito, e ao mesmo tempo, tão detestável.— Aqui está. — Ele disse, tirando um envelope de dentro da pasta e então, tirando os papeis dali de dentro. Pegou uma caneta de cima da mesa, e os assinou.— O que é isso? — Questionei, o olhando.— Nosso divórcio. Assine. — Ele entregou a caneta para mim, assim que terminou de falar.Nossos olhares se cruzaram por alguns instantes. Eu engoli seco, não sabia o que fazer.— Não foi isso que combinamos, Dimitri. — Eu falei, pegando a caneta de sua mão. Continuei olhando nos olhos castanhos de Dimitri, tentando entender o que se passa nessa cabeça rebelde.— Eu não quero continuar casado com você por nenhum segundo a mais. Esse acordo foi um erro e uma perda de tempo. Por favor, assine o acordo de divórcio e anulação do casamento. — Ele falou, com o olhar frio para o meu lado.Comecei a lembrar do motivo de eu ter aceitado esse contrato: Meu avô. Meu doce avô, que cuidou de mim pela vida inteira, e está a beira da morte. Seu sonho era ver eu me casar com alguém bom que cuidasse de mim, me ajudasse em minha carreira e me amasse incondicionalmente. Eu juro que tentei realizar esse sonho para ele, mas nunca consegui alguém que me amasse. Então, quando Dimitri me fez essa proposta insana, eu aceitei... Para ver meu avô sorrir nos seus últimos dias de vida.— Dimitri, eu assino. Mas... Por favor, eu te imploro, finja ser meu marido ao menos por um mês. Meu avô não tem tantos dias de vida e... Quando eu aceitei esse contrato, te falei que era esse o motivo. Se eu me separar agora, isso será uma decepção para ele. Você entende? — Dimitri fechou os olhos e massageou as têmporas. — Eu não vou dar trabalho pra você, eu prometo.— Você vive metida com escândalos, Elena. Como vou acreditar que você não vai me dar trabalho? — Ele disse, nervoso. — Sabe o que vai acontecer? Você vai arrastar a minha reputação para o fundo do poço, que é aonde você mora.Tive vontade de chorar, mas prendi o choro.— Por favor, Dimitri... Não faz isso comigo! Eu te livrei de uma vergonha imensa à nível nacional, o que custa você fingir ser meu marido por trinta dias? Você não vai precisar beijar essa atriz falida que você tanto odeia, não se preocupe. Não vai precisar me tocar ou olhar muito para a minha cara. Eu prometo pra você, vou me comportar. — Falei. Era meu último apelo.Dimitri me olhou com piedade por alguns instantes. Depois, olhou para baixo, respirando fundo.— Trinta dias, Elena. Apenas isso. — Eu sorri aliviada ao ouví-lo, e assinei o contrato de divórcio, ainda que relutante.Entreguei o contrato para ele e ele o pegou, guardando na pasta.— Obrigada por esperar. — Falei.— Tanto faz. — Ele retrucou e respirou de forma profunda. — Eu espero que você não esteja armando pra cima de mim. — Disse, nervoso.— Armando pra cima de você? Por que eu faria isso? — Questionei, com os olhos arregalados em extrema confusão.— Ainda pergunta por quê? — Ele riu de forma debochada, quase como se minha pergunta fosse um absurdo.Antes, ele que estava separado de mim por uma mesa, cruzou o espaço entre nós e segurou meu braço com firmeza. Ele estava sendo um cretino grosseiro.— Dimitri, está machucando meu braço. — Reclamei, e ele girou os olhos, afrouxando a mão.— Vamos deixar uma coisa bem clara aqui, linda. Eu odeio você, e tudo que você faz. Esse contrato de casamento foi um erro e nós vamos consertar em trinta dias. Agradeço pelos serviços de atriz se casando comigo, mas, se você aprontar qualquer coisa, eu vou acabar com você e com o restinho de reputação que você tem.Eu engoli seco ao ouvir aquelas palavras. — Eu juro que não vou aprontar. — Falei e ele sorriu de forma irônica.— Isso é bom para nós dois. — Disse. — Agora... Vamos, preciso fazer uma coisa.Ele saiu me arrastando pelo braço, e eu fui andando com ele, meio que obrigada, já que estava sendo arrastada.— Você poderia por favor parar? Está me machucando! — Pedi e ele parou de me arrastar. Bufou, ofereceu a mão para mim e eu a segurei. — Assim está melhor.Ele andava com pressa. Meu vestido de noiva era simples, e dei graças a Deus por isso, afinal, seria difícil andar daquele jeito com um vestido extravagante.Apesar de ser um casamento falso, eu dei o meu melhor. Comprei um vestido de seda cintilante, branco, com decote canoa, no modelo sereia. Eu estava com um coque no meu cabelo castanho, e passei uma maquiagem linda em todo meu rosto, mas foquei em destacar meus olhos castanhos enormes. Sim, eu estava bonita, mesmo aquelas cretinas que estavam falando mal de mim se surpreenderam com a elegância com que me vesti.— Dimitri, aonde estamos indo? — Perguntei.Dimitri não respondeu. Os convidados tentavam falar conosco, mas ele ignorou. Alguns fotógrafos tentavam se aproximar de nós do lado de fora da mansão, e até alguns repórteres, mas ele fez algo inusitado: Me usou como uma espécie de escudo humano para ir até o carro e, quando chegamos, ele entrou, sem sequer abrir a porta para mim. Excelente jeito de começar um casamento.Entrei no carro e cruzei meus braços, enquanto ele começava a dirigir sem dizer nada.— Dá pra você falar alguma coisa? Você tá sendo um perfeito cretino, sabia? — Eu reclamei. Ele dirigia, olhando para fora do carro, como se nada estivesse acontecendo... Como se eu sequer estivesse ali.Depois de despistar um último fotógrafo que nos seguia de carro, ele respirou aliviado e eu também.— Bom... Pelo menos não estamos mais sendo seguidos. — Eu comentei, tentando puxar assunto. Aquele silêncio era pior do que qualquer coisa.Então, no meio da estrada, ele parou no acostamento, próximo a um restaurante. Ele desceu do carro e eu fiquei confusa, mas então, ele abriu a minha porta e me puxou para fora do carro.— Ei, o que está fazendo? — Perguntei.— Ligue para alguma amiga para te buscar. Tenho mais o que fazer. — Ele disse e foi andando para o lado do motorista.Não acreditei no que ele fez. Comecei a chorar imediatamente e assim que ele entrou no carro, eu tentei abrir a porta do passageiro, mas era tarde. Ele havia trancado para que eu não entrasse mais.Eu vi o carro partindo, e fiquei para trás. Hoje é definitivamente o pior dia da minha vida, e não adianta chorar, me meti nessa sozinha. Limpei minhas lágrimas, arrasada por tudo que aconteceu, e fui caminhando pelo acostamento.Meus pés começaram a doer. Eu estava de sandálias, então as tirei e joguei longe.— Maldito Dimitri! Maldito! — Gritei, em meio ao ódio e tristeza que sentia.Comecei a pedir carona, mas quem pararia para uma pessoa vestida de noiva, chorando, no meio da estrada? Eu estou parecendo algum tipo de lenda urbana local, daquelas que contam para os caminhoneiros nos hotéis de beira de estrada. Mas então, um carro finalmente parou e eu fiquei surpresa ao ver quem estava dentro.— Elena? — Ele disse, com os olhos arregalados.— Oi, Timmy. — Falei, entrando no carro.Timmy é o irmão mais novo da família Russo. Ele tem cinco anos a menos do que o idiota do Dimitri, portanto, tem vinte e cinco anos.— O que aconteceu? — Perguntou. Eu apenas coloquei o cinto e neguei com a cabeça.— Olha... Só me leva pra casa, tá? — Pedi, o olhando.Ele concordou com a cabeça, e voltou a dirigir.DIMITRI NARRANDODepois de tudo que aconteceu comigo e com Elena ao meu lado, eu consegui sobreviver e acordar. Eu fui moldado naquela cama. Vi quem realmente eram as pessoas de valor na minha vida, e quem precisava partir dela. Meu irmão me pediu perdão, Marcos esteve sempre ali cuidando de Elena enquanto eu não estava disponível... E por incrível que pareça, meus pais não apareceram em nenhum momento. Nem minhas tias. Pelo visto, a única coisa pra que eu servia, era pra dar entretenimento para eles. Por isso, eu jamais voltarei ali e não vou mais ligar para o que eles pensam. A única pessoa que esteve ao meu lado o tempo todo é aquela que merece toda minha atenção: Elena Romano.Alguns dias se passaram, e eu ainda estou no hospital. Preciso ficar aqui, estou fazendo uma porção de exames, mas estou voltando ao normal. Minha voz já melhorou muito e eu estou tomando banho sozinho.Depois de sair do banho, vi Elena conversando com Marcos, na porta do quarto. Eu acenei para ele e ele ace
ELENA NARRANDOMeus sentimentos estavam a flor da pele. De repente, vi a maca com Dimitri sendo transportada para outra área do hospital e aquilo me fez tremer ainda mais. Eu abri minha bolsa e peguei um comprimido para a síndrome do pânico, tomei e respirei de forma profunda, tentando me acalmar. Que droga, que droga!— Calma, Elena... — Marcos se aproximou de mim e me ofereceu um abraço. Eu o abracei e encostei meu rosto em seu peito, chorando de forma desesperada.— Eu estou apaixonada por ele! Eu devia ter dito que o amava mais vezes, eu devia ter confessado todos os meus sentimentos antes disso acontecer! Estou tão arrependida! — Falei, chorando.— Se acalma, minha prima... O que tiver que ser, será. Eu torço para que as coisas dêem certo para vocês, mas se não der, saiba que estarei aqui para recolher suas lágrimas. — Ele afirmou e eu concordei com a cabeça.— Obrigada por estar presente como um pai pra mim, Marcos. — Eu disse.— Não precisa me agradecer. Sou um homem de palavra
ELENA NARRANDO— Você se acha extremamente importante, mas não é. Você não passa de um resto, ninguém liga pra sua família ou para o que você faz, querida. Você é só um monte de bosta e logo será um corpo morto. — Disse.— Se você acha que vou desistir sem lutar, você não me conhece. Eu sobrevivi a um acidente de carro muito pior do que um tiro, Elle. — Eu falei, enquanto ela apontava a arma pra mim.— Olha, Elena, você quer saber o real motivo disso tudo? — Elle disse, e eu apenas fiquei em silêncio. — Minha filha tá morta.— Nossa. — Eu só consegui dizer isso. — Eles vieram me salvar porque eu prometi que além de te matar, doaria medula para a garota. Ela tinha leucemia, acabou morrendo. — Ela disse, sem nenhum remorso ou sentimento. — Agora, você é minha única chance de entrar pra aquela família. Não consegui manter a criança viva... — Ela deu os ombros. — Então eu compro minha passagem para essa família com a sua morte.— Você jamais vai conseguir entrar para uma família que te re
DIMITRI NARRANDONós estávamos procurando a Elena feito loucos, mas nada parecia adiantar. De repente, eu tive uma ideia: Pedir para os seguranças voltarem as câmeras para vermos os passos de Elena.— Vamos até a sala de câmeras, por favor! — Eu disse. Os dois pararam de brigar e me seguiram.Quando chegamos até a sala de câmeras, eu falei com o segurança o que havia acontecido e ele disse que não havia notado nada de diferente, mas que ele iria investigar. A intenção dele era voltar as câmeras e procurar Elena. Então, enquanto voltava, percebemos que Elena havia entrado na empresa, ido até Timmy, depois saído... Depois, entrou novamente e foi ao banheiro. E depois, saiu acompanhada de uma moça de moletom! Era A Elle, com toda certeza!Aquilo me deixou profundamente irritado. Minha equipe de segurança não é capaz de impedir uma pessoa estranha de entrar, todo mundo será demitido! Isso é culpa deles.— Quando eu voltar, vou demitir todos vocês! — Eu disse, nervoso. Ele arregalou os olh
MARCOS NARRANDOQuando Elena saiu de perto de nós dois, Timmy me olhou nos olhos de forma diferente e assustada. Ele desfez o sorriso doce e começou a falar coisas sem sentido, com lágrimas nos olhos.— Você acreditou em toda aquela baboseira de amor, Marcos? Somos homens adultos, pelo amor de Deus... — Ele disse, completamente transtornado e desfigurado. — Eu não quero saber de você ou de qualquer coisa relacionada a você. Eu preciso resolver minha vida de uma vez, e o jeito mais fácil não é saindo de casa. — Eu arregalei meus olhos, chocado ao ouvir o que ele estava falando.— Do que você está falando, Timmy? — Ele negava com a cabeça e colocou uma das mãos no meu ombro.— Marcos... Eu não sou gay. Te beijar foi um sacrifício pra mim. Eu te usei pra me aproximar do meu irmão e da Elena, porque assim, seríamos parceiros e teríamos um segredo. E pra ajudar um pouco mais, você sempre me falou muito sobre as empresas... Inclusive sobre a empresa do meu irmão. Graças a você, eu descobri
ELENA NARRANDOEu passei a noite inteirinha pensando em como contar para o Dimitri que eu sou o XX. Estou com medo de causar uma decepção ou coisa do tipo. Eu só quero que não existam mais segredos entre nós, então, decidi que hoje irei contar para ele. Assim que levantei da cama e o vi se trocando para o trabalho, perguntei para onde ele iria.— Onde vai? Pra sua empresa ou pra empresa do seu pai? — Questionei.— Pra minha. Quer carona para algum lugar? — Ele falou e eu neguei com a cabeça.— Não, obrigada. Eu vou ficar por aqui, mesmo. — Menti.Sentamos à mesa para o café da manhã e começamos a comer. Nossa empregada fez um café maravilhoso, digno de restaurante. Tomamos e foi extremamente gostoso, e depois, Dimitri se despediu de mim com um beijo na testa. Por algum motivo, tive um pressentimento ruim quando ele saiu, mas deixei pra lá. Era como se eu soubesse que algo aconteceria comigo, não sei.Peguei minha bolsa e peguei um táxi, indo até a empresa de Dimitri. Pedi que Marcos f
Último capítulo