Lúcia Mendes
Saí do corredor com o coração aos pulos. O ar parecia preso no meu peito, e cada passo ecoava como se fosse de outra pessoa. O impacto dele ainda latejava em mim.
O jeito como ele se aproximava, como me cercava, como dizia as coisas com aquela certeza que desmontava meus muros… Eu sentia vontade de ficar perto, de me perder naquele olhar escuro que me despia inteira.
E, ao mesmo tempo, a lembrança vinha como uma fisgada: ele tinha mexido na minha vida sem permissão, investigado minhas contas, descoberto coisas que eu jamais quis que ele soubesse.
Delicioso e manipulador. Atraente e insuportável.
Era essa a contradição que me consumia.
Respirei fundo na frente da porta, t