Lúcia Mendes
"Eu vou falar com ele." A voz saiu fraca, quase um sussurro, mas foi o suficiente para minha mãe erguer os olhos em silêncio. Respirei fundo, tentando me recompor. "Vou explicar que não aceito, que não tem cabimento… e que tudo vai ficar bem."
Ela não respondeu. Apenas apertou minha mão, como se soubesse que eu mesma não acreditava nessas palavras.
Afastei-me devagar, puxando os lenços da mesinha de cabeceira. Limpei as lágrimas apressada, como se apagar os rastros fosse me dar alguma força que eu já não tinha. Olhei no espelho pequeno pendurado na parede: olhos vermelhos, rosto cansado, mas ainda assim precisava parecer firme. Ele não podia ver minhas rachaduras.