273. Minha verdade
Olivia Harrys
O quarto da casa estava envolto em sombras suaves, a luz do entardecer filtrada pelas cortinas de linho, mas nada disso aliviava o peso no meu peito. Eu ainda sentia o eco das palavras de Enzo, “será a última vez que você vai me ver”, cortando meu peito como uma faca. Ele estava ali, a poucos metros, jogando as coisas na mala com uma raiva que eu podia sentir no ar, cada camisa amassada um lembrete da escolha que eu não conseguia fazer. Nunca mais vê-lo? Nunca mais tocar a pele quente dele, rir das piadas ruins enquanto tomávamos vinho no fim da noite, ou mergulhar em livros e documentos com ele, o silêncio entre nós sendo a companhia mais perfeita que já conheci? Meu coração se partia só de imaginar.
Mordi os lábios, o gosto de sal das lágrimas que eu tentava segurar. “Enzo,” comecei, a voz tremendo, “preciso te contar uma coisa antes de você ter certeza de que quer ficar comigo.”
Ele parou, a mão congelada sobre a mala, e revirou os olhos, a expressão dura como pedra.