272. O peso da escolha
Enzo Kendrik
A Ponte Vecchio ficou para trás, mas o peso no meu peito, esse não. Eu caminhei pelas ruas de Florença com a raiva pulsando nas veias, a caixinha de veludo preto queimando no bolso da minha calça. Comprei a maldita aliança mesmo depois que Olivia saiu correndo da joalheria, como se pudesse segurar o que restava de nós dois naquele pedaço de metal e pedra. Mas agora, cada passo ecoava a mesma certeza: ou seguimos juntos, ou cada um pro seu lado. Chega de meios-termos, de dúvidas, de “talvez”. Ela aceitou meu “casa comigo” na cama, com a boca quente contra a minha, e agora jogava a Austrália na minha cara como se eu fosse uma opção que podia esperar na prateleira. Não. Isso acabava hoje.
O sol já estava baixo, pintando as ruas de laranja, mas o calor não aliviava a tempestade dentro de mim. Minha mão boa apertava a caixinha, e a outra, na tipoia, formigava, uma sensação estranha, como se o braço estivesse acordando, mas ignorei. Não era hora de pensar no ombro. Era hora de