274. Ecos na casa
David Jones
As paredes da casa eram finas demais, como se a Toscana inteira tivesse conspirado pra nos fazer ouvir o que não devíamos. Eu estava no pátio com Moira, Lúcia, Nate e Dona Helena, tomando um vinho tinto que deveria estar me relaxando, mas o grito de Olivia cortou o ar como uma faca: “Eu não posso ter filhos!” O silêncio que veio depois foi mais alto que qualquer som. Lúcia congelou, a mão parada no copo, os olhos arregalados. Nate, segurando Samuel no colo, desviou o olhar pro horizonte, como se pudesse fingir que não ouviu. Moira apertou minha mão debaixo da mesa, e Dona Helena, sempre a mais sábia, suspirou baixo, balançando a cabeça. O canto das cigarras lá fora parecia zombar da tensão que nos engolia.
Ninguém disse uma palavra por um tempo, o peso da revelação de Olivia pairando como uma nuvem. Enzo gritou algo que não entendemos, a voz abafada, mas cheia de dor, e então o silêncio voltou, pesado, quase sufocante. Moira foi a primeira a quebrá-lo, a voz baixa, mas fir