211. Adeus
Nate Donovan
A manhã do velório começou antes do sol. Acordei sem ter dormido. Lúcia tinha adormecido por exaustão, os olhos inchados, a mão no meu peito como quem segurava uma âncora. Fiquei ali algum tempo, olhando o teto, tentando lembrar o que já tinha resolvido e o que ainda faltava.
Fiz a lista mental como quem respira: confirmar a capela, flores, missa de corpo presente, assinatura final da papelada do hospital, carro da funerária, café simples para a família. Tudo isso enquanto eu tentava não pensar na cena que ainda estava grudada nos meus ouvidos: o médico dizendo “sinto muito”, a sala girando, Lúcia desmoronando nos meus braços.
Levantei devagar para não acordá-la. No corredor, encontrei David encostado à parede, camisa social, mangas arregaçadas, a gravata na mão.
“Quer que eu vá na floricultura?” ele perguntou, voz baixa.
“Já pedi as coroas, mas preciso de arranjos menores para a capela e para casa. Pode ver isso?”
“Deixa comigo.” Ele bateu de leve no meu ombro. “Vai toma