Lúcia Mendes
O quarto reservado para a noiva tinha cheiro de flores frescas e perfume leve. Uma mesa de espelhos refletia a bagunça: batons abertos, pincéis, grampos de cabelo e rendas soltas. Eu estava sentada diante da penteadeira, minha mãe atrás de mim ajeitando o pequeno véu com mãos ainda trêmulas, enquanto Olivia segurava o corretivo como se fosse uma arma.
“Não se mexe, Lúcia, ou o hematoma vai aparecer na foto.” Ela falou baixinho, inclinando-se para tampar o roxo que insistia em despontar na lateral da minha testa.
Revirei os olhos. “Você sabe que não precisa esconder tanto, né? Todo mundo já deve ter ouvido falar do… acontecimento.”