Na manhã seguinte ao reencontro inesperado, Clara acordou com o coração ainda em descompasso. Passou os dedos pelos lábios, como se quisesse se certificar de que o sorriso de Augusto não havia sido um sonho. A luz suave atravessava as cortinas do quarto, pintando de dourado as paredes claras. O apartamento ainda cheirava a café do dia anterior, e isso, de alguma forma, a fazia se sentir acompanhada.
Ela se levantou devagar, foi até a cozinha e preparou uma xícara de chá. Seus pensamentos estavam em outro lugar — ou melhor, em outra pessoa. O modo como Augusto a olhou, como escutava suas palavras, parecia raro nos dias de hoje. Sentiu um calor discreto subir pelas bochechas só de lembrar da voz dele dizendo seu nome com aquela gentileza quase despretensiosa.
Depois de tomar seu chá, Clara arrumou a casa com movimentos distraídos. Colocou uma playlist instrumental para tocar no fundo, e as notas suaves pareciam acompanhar a dança dos pensamentos. Passou um tempo reorganizando os livro