A audiência final de Clara aconteceu em uma tarde nublada, dentro de uma sala fria e formal do fórum central. As paredes altas, o som dos passos ecoando, o silêncio carregado... Tudo parecia pesar sobre seus ombros. Ela estava sentada no banco das testemunhas, mãos sobre o colo, e olhos firmes apesar da tensão que vibrava em seus nervos.
A promotora fez questão de destacar, mais uma vez, sua colaboração voluntária com a justiça e a entrega de provas fundamentais para a prisão de Daniel. Clara sabia que o que fez não a tornava inocente, mas sim responsável. E agora, tudo que podia fazer era encarar as consequências com dignidade.
— A senhora tem algo a declarar antes da sentença? — perguntou o juiz, com voz grave e serena.