A sala de estar estava tomada por um silêncio denso. O tipo de silêncio que precede uma tempestade — não de gritos ou violência, mas de palavras duras e necessárias. Gabriel permanecia de pé, observando a moldura do casamento, enquanto Clara mantinha as mãos cruzadas, com os dedos trêmulos, à beira do sofá.
— Recebi a carta — ele disse, sem rodeios.
Ela engoliu em seco.
— Eu não sabia se devia mandar.
— Mandou. E foi o suficiente.
Gabriel caminhou lentamente até o sofá oposto, sentando-se com um suspiro cansado. Seus ombros estavam curvados, como se os últimos me