55. Era o Esperado
“Liz Bianchi”
Acordo pelada, dolorida e sozinha. Um combo que, em outras circunstâncias, seria digno de arrependimento.
Mas não. Meu arrependimento ainda está dormindo. Provavelmente em outro lugar, de preferência com a consciência tranquila e o ego massageado.
Olho para o lado e encontro o travesseiro amassado, frio. Se não fosse pelo cheiro dele no lençol — e pelas dores deliciosamente espalhadas pelo meu corpo — eu podia jurar que sonhei tudo.
A sensação de vazio me incomoda, mesmo sabendo que era o esperado. O que eu queria, afinal?
Que três anos de mágoa, ressentimento e silêncio evaporassem com uma noite só?
Que Ettore estivesse aqui agora, me abraçando… trazendo café na cama?
— Idiota — murmuro para mim mesma, sentando devagar.
Respiro fundo e me levanto, sentindo os músculos reclamarem em pontos que eu nem lembrava que existiam.
No espelho do banheiro, dou de cara com uma cena quase cômica: cabelo parecendo que abrigou uma família de pássaros, olhos inchados e brilha