250. O Pesadelo Caterina
Do lado de fora do quarto, ouço os passos de Lorenzo no corredor, inquietos.
Sei que ele odeia a ideia de me deixar sozinha com Caterina, mesmo por alguns minutos.
Fecho a porta atrás de mim e dou alguns passos, observando-a. Curativos na testa, gesso no braço esquerdo, um corte no lábio, rosto pálido e abatido…
Mas os olhos permanecem os mesmos: intensos, desafiadores.
— Vim olhar nos seus olhos antes que você desapareça para sempre — digo, parando a certa distância dela.
— E o que esperava encontrar? Arrependimento? Um pedido de perdão?
— Talvez — admito, dando de ombros. — Ou talvez só queira confirmar que você nunca mais vai poder fazer nada contra nós.
— Contra vocês? — Caterina solta uma risada amarga. — Você destruiu minha vida inteira, vadia. Tirou tudo que era meu por direito. Meu futuro, minha posição, meu propósito.
— Eu não acabei com sua vida. Você fez isso sozinha. Coloque na sua cabeça de uma vez: era um arranjo, não era amor.
— E daí? — ela rebate, andando em círculos