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Capítulo 3 – O Instinto Queima

A manhã chegou coberta por uma névoa espessa, e Selena acordou com a estranha sensação de que algo — ou alguém — a observava.

Passou as mãos pelo rosto e se sentou na cama de madeira antiga. A janela semicerrada deixava entrar o cheiro úmido da floresta e o som abafado dos pássaros. Tudo ali parecia respirar junto com ela. Ou contra ela.

Vestiu um casaco, amarrou o cabelo em um rabo de cavalo frouxo e caminhou até a cozinha. A Anciã já preparava chá, como se não dormisse há dias.

— Dormiu bem? — perguntou, sem tirar os olhos das ervas que moía com precisão ancestral.

— Não sei. Sonhei com olhos dourados me observando no escuro… e eu sentia medo. Mas não queria correr. Acho que é isso que me assusta mais.

A Anciã soltou um som baixo, quase um riso. Ou um aviso.

— O lobo já sentiu seu cheiro. Agora ele não vai parar.

— Por favor… sem metáforas hoje, tá? Eu só quero caminhar um pouco. Clarear a cabeça.

— Cuidado com onde pisa. Nem toda trilha leva pra casa.

Selena bufou, pegou uma maçã e saiu pela porta dos fundos. Estava cansada de enigmas, de meias-palavras e da sensação de que todos sabiam mais do que ela.

A floresta a envolveu como um sussurro antigo. A luz filtrava-se entre as árvores altas, desenhando padrões no chão úmido. O ar estava frio, cortante, e cada passo fazia o chão ranger sob seus pés. Mas havia ali um tipo de silêncio que parecia conversar com sua alma inquieta.

Seguiu até o velho riacho. Sentou-se numa pedra e fechou os olhos por um instante, tentando ignorar o arrepio que subia pelas costas.

Foi então que sentiu.

Um calor. Um peso invisível no ar. Um instinto que a pele reconhece antes da mente compreender.

Abriu os olhos devagar… e o viu.

Não era alucinação. Não era sombra.

Ele estava ali.

Um homem alto, de postura dominante, surgindo entre as árvores com a calma predatória de quem sabe o efeito que causa. Cabelos escuros, o rosto másculo marcado pela intensidade. E os olhos… cinzentos como tempestade prestes a romper o céu.

— Quem é você? — Selena perguntou, dando um passo atrás.

Darian não respondeu de imediato. Observou cada detalhe dela — a tensão nos ombros, a respiração acelerada, o olhar que oscilava entre o medo e algo mais profundo.

— Você sente também, não sente? — ele disse, a voz grave como um trovão abafado.

— Sinto… que um estranho está me encarando no meio da floresta, e que eu devia sair correndo.

— Mas não correu.

— Ainda não decidi se você é real.

Darian se aproximou. Cada passo dele parecia fazer o chão vibrar. Selena permaneceu imóvel, embora tudo dentro dela gritasse. O corpo dizia “fique”. A mente berrava “fuja”.

— Eu sou real, Selena. E você… é minha.

Ela arregalou os olhos.

— Me desculpa, o quê?

— Não vim pra te assustar. Mas não posso fingir que isso aqui é normal. Você sente também. Aqui. — Ele levou a mão ao peito, como se a dor fosse física. — É como se algo antigo tivesse acabado de acordar.

Selena recuou um passo, mas Darian foi mais rápido. Parou diante dela, tão perto que o ar entre os dois parecia eletrificado.

— Olha nos meus olhos e diz que não sente — ele desafiou.

Ela tentou. Tentou de verdade. Mas ao encarar aqueles olhos cinzentos, tudo o que conseguiu foi perder o fôlego. Algo dentro dela reagia à presença dele — algo profundo, irracional, primal.

— Isso não faz sentido — sussurrou.

— Ainda vai fazer.

Darian ergueu a mão devagar e tocou o rosto dela, com reverência. O polegar percorreu a linha da mandíbula, e Selena estremeceu. O toque era suave, mas carregado de urgência. Como se ele tivesse esperado a vida inteira por aquele momento.

— Você não pode… — ela começou, mas a voz falhou.

— Eu sei. Mas já foi decidido. Pela Lua. Pelo sangue. Por tudo o que você ainda vai descobrir.

Selena não recuou. E isso foi o suficiente.

Darian se inclinou e encostou a testa na dela. O gesto era íntimo, protetor… possessivo. Ela fechou os olhos, sentindo o cheiro dele — madeira, terra molhada e algo perigosamente masculino.

— Eu voltarei. Porque você é minha.

E então, como veio, ele recuou. Um passo. Dois. Desapareceu na névoa, deixando para trás apenas o calor e a confusão.

Selena abriu os olhos, sozinha outra vez.

Mas nada nela era mais o mesmo.

No alto da colina, olhos observavam. Não com ternura. Mas com cálculo.

— Então é essa a escolhida…

E desceu, pronto para reescrever o destino.

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