Ela não sabia dançar. Mas, ao menos, podia se mover e gesticular, o que já era bem melhor do que deixar o idoso constrangido.
Durante todos esses anos, os outros só haviam visto o lado mais brilhante de Carolina. Ninguém, porém, conhecia de verdade quantas rejeições silenciosas ela já havia suportado. Ela sabia, como poucos, o gosto amargo de ser ignorada.
Além disso, o senhor diante dela tinha idade para ser seu avô. O convite dele era, antes de tudo, uma forma de carinho.
— Torceu o tornozelo? Eu não vou te carregar nas costas. — Disse Roberto, cuspindo desprezo, como se nunca fosse capaz de dizer algo decente.
Carolina percebeu que era pura provocação. E não se fez de rogada:
— Então me carregue nos braços.
Assim que terminou a frase, já estava diante do idoso. Ele não a puxou de imediato, mas deu uma volta ao redor dela, observando, até estender novamente a mão.
Carolina aceitou. No instante seguinte, sentiu o corpo perder o controle. Era como se tivesse rodinhas nos pés, deslizand