Christian Müller –
Eu ainda não conseguia acreditar que tudo aquilo tinha tomado uma proporção tão grande.
Quatro dias. Só quatro dias atrás, eu estava embarcando em um voo, pensando em como seria emocionante segurar minha filha nos braços. E agora... agora minha vida inteira parecia desmoronar diante dos meus olhos.
Fechei os olhos e deixei minha mente me arrastar de volta, tentando entender onde tudo tinha começado a dar errado.
Foi naquele dia, no aeroporto.
Eu já estava prestes a embarcar, conferindo pela última vez as mensagens no celular, quando vi uma mulher a alguns metros de distância.
Ela segurava a barriga, com a outra mão apoiada na poltrona, como se buscasse forças para ficar de pé. Ao lado dela, uma garotinha — devia ter uns cinco anos, no máximo — a olhava com preocupação.
As duas tinham a pele dourada, os cabelos pretos e lisos. Pareciam chilenas, pelo sotaque e pelas roupas pesadas de lã que usavam para se proteger do frio cortante.
"Logo tudo vai melhorar, meu amor",