KATHERINE SALLES - CAPÍTULO 00145
Domingo.
O dia em que o mundo parecia mais lento — mas dentro de mim, tudo continuava em desordem.
Quando o carro estacionou em frente à casa dos meus pais, o coração já batia mais rápido do que o normal. Eu sabia que aquele almoço dominical seria um campo minado disfarçado de cordialidade familiar.
Eles sempre foram bons em esconder farpas atrás de sorrisos. E eu… sempre fui péssima em lidar com isso, embora os amasse.
Respirei fundo antes de tocar a campainha. A porta se abriu automaticamente, e o cheiro familiar das rosas que minha mãe sempre costumava deixar no vaso à esquerda da porta fez com que me recordasse da minha infância a medida em que lembranças me envolveram – era sempre assim, quando vinha aqui. Rosas e jasmim. Sempre as mesmas flores que minha mãe dizia que simbolizavam “classe”.
Tive vontade de revirar os olhos com a lembrança.
Minha mãe veio me receber, elegante como sempre, o cabelo escuro impecavelmente preso num coque e o