CAPÍTULO 0051
O carro deslizou pela avenida iluminada, mas minha mente estava a quilômetros dali. O motorista de Ethan conduzia o veículo na maior quietude, e eu agradecia por isso. Não tinha energia para conversas, nem mesmo para a simpatia de praxe, ainda que Otávio fosse extremamente gente boa. O banco traseiro me ninava, e eu me deixava embalar pelo balanço discreto do automóvel, como se cada curva fosse capaz de empurrar ainda mais fundo as lembranças que eu insistia em guardar.
Antes de vir para casa, ainda tinha passado no hotel para pegar minhas coisas. Foi estranho descer naquele quarto, olhar o ambiente que tanto me trouxe um sentimento de paz e liberdade momentânea . Só havia aceitado a proposta da minha mãe de voltar para casa , porque no fundo me sentia um pouco culpada por estar escondendo algo tão importante dela e do papai. O motorista esperou pacientemente. E, claro, eu me aproveitei da situação. Se já estava ali para me servir, por que gastar com um táxi? Que meu