CAPÍTULO BÔNUS - VLAD
Perdi a conta de quantas vezes, naquela manhã, eu respirei fundo tentando não mandar alguém à merda.
O braço esquerdo pendia preso à tipoia, latejando num ritmo próprio, como se quisesse me lembrar — o tempo todo — de que eu não estava no controle de absolutamente nada. Nem do meu corpo. Nem da minha vida pessoal. E, pelo visto, nem da minha própria empresa.
***
Assim que atravessei a porta de vidro do último andar, soube que algo estava errado.
O ar parecia mais denso. Pessoas falavam ao mesmo tempo, celulares colados às orelhas, telas abertas com gráficos vermelhos piscando como alarmes de incêndio. Aquele tipo de caos que não nasce do nada — ele explode. E quando explode, leva tudo junto.
— O diretor chegou.
A frase se espalhou como um sussurro nervoso. Alguns desviaram o olhar. Outros me encararam como se eu fosse a última tábua de salvação num naufrágio coletivo.
— O que diabos está acontecendo aqui? — perguntei, sem diminuir o passo, atravessando a