CAPÍTULO BÔNUS - CASSIE
Cheguei cedo demais.
Tipo, cedo a ponto de a empresa ainda cheirar a café recém-passado e ambição mal acordada. O tipo de horário que só duas categorias de pessoas frequentam: executivos obcecados e funcionários levemente traumatizados. Eu, claramente, fazia parte da segunda opção.
Entrei no prédio respirando fundo, repetindo mentalmente que eu era profissional, madura, centrada e absolutamente capaz de não enfiar uma caneta no olho do meu cliente nazista.
Um mantra bonito. Funcional? Duvidoso.
O elevador subiu rápido demais para eu desistir.
Quando cheguei ao andar da diretoria, caminhei até a sala dele com a pasta colada contra o peito, como se fosse um escudo. Bati uma vez — não esperei resposta — e entrei.
Victor estava sentado à mesa, com óculos no rosto, camisa perfeitamente passada, mangas dobradas na medida exata entre “executivo sério” e “homem perigosamente atraente”. Assinava alguns papéis com a tranquilidade de quem dormiu oito horas seguidas