Rosália Lucchese Bonanno

Não sei ao certo quanto tempo dormi no peito dele. Podem ter sido minutos, talvez horas. O tempo pareceu se dissolver ali, naquela breve trégua, como se meu corpo tivesse finalmente encontrado um lugar para descansar ainda que fosse nos braços do homem que mais me causa medo e confusão. Quando abri os olhos de verdade, a escuridão ainda reinava ao redor do quarto, e foi só pelos movimentos cuidadosos de Luciano que percebi que ele me carregava de volta para a cama.

Eu senti quando ele me colocou sobre o colchão. O toque das mãos dele, normalmente tão duras e frias, estava diferente. Mais lento. Mais calculado. Ele afastou o lençol, me limpou com uma toalha úmida, como se eu fosse algo delicado que pudesse se quebrar a qualquer momento. Depois me vestiu com uma camisola simples, ajeitando as alças nos meus ombros com uma precisão quase ritualística. Eu observava tudo em silêncio, mantendo os olhos semicerrados, fingindo dormir, embora minha re