O silêncio no quarto era opressivo, quebrado apenas pelo farfalhar das roupas enquanto Henrique se vestia. Barbara continuava encolhida na poltrona, os braços em volta dos joelhos, a respiração presa na garganta. A cada peça de roupa que ele colocava, a distância entre eles parecia aumentar, um abismo se abrindo entre dois corações outrora unidos por um laço, agora rompido pela crueldade da verdade.
Quando Henrique terminou de se vestir, ele se virou para ela, o rosto impassível. A tristeza em seus olhos havia dado lugar a um vazio frio e distante.
— Vou sair — disse ele, a voz rouca e baixa. — Preciso... preciso pensar.
Barbara assentiu silenciosamente, incapaz de articular qualquer palavra. Observou-o caminhar até a porta, a figura alta e imponente parecendo encolher sob o peso da dor. Antes de sair, ele parou por um instante, a mão na maçaneta, e olhou para trás, o olhar fixo em Barbara.
— Não sei quando volto — disse ele, finalmente. — Talvez... talvez nem volte, mas com c