Galinhas e Gafes
O sol da manhã se espalhava preguiçoso sobre a fazenda, aquecendo o chão úmido de orvalho e fazendo o ar cheirar a terra fresca e feno.
Eu segurava o balde de ração com ambas as mãos, tentando parecer confiante, embora já sentisse que aquilo terminaria mal.
À minha frente, o pequeno galinheiro fervilhava de penas e cacarejos, e atrás de mim, Henry observava de braços cruzados, sorriso contido, aquele olhar de quem já previa o desastre.
Laura, com seus dois aninhos e o cabelo bagunçado, corria com seus passos curtos e perninhas bambas ao redor do cercado, gargalhando alto.
— Cocó! Cocó! Gritava, apontando para as galinhas que fugiam dela em desespero.
— Laura, devagar, amor . Pedi, rindo.
—Elas vão achar que você é um furação.
— Lau-ra có-có! Respondeu, rindo mais ainda, tropeçando nos próprios pezinhos.
Henry se aproximou, e sua sombra cobriu parte do chão à minha frente.
— Vamos lá, Letícia. Disse ele, a voz carregada de provocação.
— Não é ciência de foguete. Só